Jambacousses e Gangazambes: feiticeiros negros em Portugal

Daniela Buono Calainho
2001 Afro-Ásia  
É uma velha feiticeira Com guiné e com arruda E rosário de algibeira É uma velha formosa Joga com sete vinténs O seu ponto é seguro Só trabalha para o bem Ponto de Vovó Catarina de Aruanda Era o mês de outubro de 1451. Casar-se-iam a infanta D. Leonor e Frederico III, monarca do Sacro Império Romano-Germânico, e a corte portuguesa preparava cuidadosamente as comemorações do enlace. Inaugurava as festividades que se desenrolariam por alguns dias, um majestoso banquete no palácio real. Dentre os
more » ... ários divertimentos que se seguiram até a madrugada, espetáculo notável estarreceu os presentes: dançavam, alegres, trajados à moda de seu povo, entoando cantigas em ritmo febril, ao som de seus instrumentos típicos, numerosos "etíopes" e mouros, a saudar a jovem imperatriz. O tio de D. Leonor era ninguém menos do que o Infante D. Henrique, que há pouco descortinara outra porção do continente africano, chegando até a zona setentrional da Guiné, a terra dos negros. 1 A aparição pública destes "etíopes" foi emblemáti-
doi:10.9771/aa.v0i25-26.21011 fatcat:2xncn4bpvjgwpapunpdddolwem