Notas Etnográficas sobre Vestiários e a Erotização de Espaços Esportivos

W.X. Camargo
2014 Revista Ártemis: Estudos de Gênero, Feminismo e Sexualidades  
Resumo Este artigo traz considerações antropológicas sobre a erotização de espaços com foco principal em vestiários esportivos de competições internacionais LGBT (jogos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneras/os), investigados a partir de uma etnografia multissituada. No caso desta pesquisa, os vestiários são locais em que o segredo da sexualidade (notadamente heteronormativa) estabelece-se como oficial e coloca os desejos homoeróticos numa esfera de "anormalidade"; portanto, tais lugares
more » ... erão discutidos antropologicamente como elementos-chave nas constituições subjetivas dos atletas interlocutores da pesquisa. O artigo, assim, divide-se em três partes: na primeira procura distanciamentos/aproximações entre banheiros e vestiários (masculinos) como locais em que as práticas do olhar são interditas, e prioriza-se o espaço do vestiário no sentido de compreender as lógicas do estabelecimento de códigos sexuais e de gênero; em seguida, adentra ao universo dos vestiários esportivos masculinos, trazendo dados etnográficos a serem considerados e entretecendo certa interpretação; e, ao final, postula notas finais especulando sobre a relação entre olhar pornográfico e o voyeurismo erótico, estabelecidos em tais espaços comuns. Palavras-chave: Vestiários Esportivos. Erotização de Espaços. Competições LGBT. Etnografia Multissituada. Abstract This article brings anthropological considerations about the eroticizing of sport spaces with a primary focus in sport locker rooms of international LGBT competitions (gay, lesbian, bisexual, and transgender games), investigated from a multi-sited ethnography. Particularly in this research, locker rooms are places where the secret of sexuality -namely heteronormative -is taken as official, and relegates the homoerotic desire to a sphere of 'abnormality'. Thereby, such places will be discussed anthropologically as keyareas in the subjective constitutions of the interviewers (athletes). The article, therefore, is divided into three sections. Firstly, it seeks distinctions/similarities between toilets and locker rooms for men as places of symbolic gazes, and as locals that create sexual and gender codes. Secondly, it enters the universe of male sport locker rooms, bringing ethnographic data to be considered and interpreted. Finally, it brings endnotes speculating the relationship between pornographic gaze and erotic voyeurism established in such public spaces.
doi:10.15668/1807-8214/artemis.v17n1p61-75 fatcat:syxuu76y4jc3xphmnrvfloqa7u