Litogeoquímica dos granulitos paleoproterozóicos do segmento central da faixa Ribeira, Brasil

M. Heilbron, R. Machado, M.C.H. Figueiredo
1996 Boletim IG-USP Publicação Especial  
o Complexo Juiz de Fora compreende granulitos metamórficos ortoderivados, de idade paleoproterozóica; que afloram em escamas de empurrão no setor interno do Segmento Central da Faixa Ribeira. O mapeamento geológico detalhado, realizado na transversal compreendida entre as cidades de Bom Jardim de Minas (MG) e Piraí (RJ), revelou a ocorrência destas rochas granulíticas em três escamas tectônicas principais, imbricadas para NW em direção ao Cráton do São Francisco (Heibron, 1993). Os granulitos
more » ... tegram o conjunto do embasamento Pré-I,8 Ga da faixa e são interdigitados tectonicamente com a cobertura metassedimentar Pós-I,8 Ga. O acervo geocronológico disponível sugere que tanto a geração dos protólitos ígneos como o metamorfismo de fácies granulito ocorreram no Paleoproterozóico. Poucas dados UlPb e Rb/Sr indicam, pelo menos em parte, uma fonte arqueana (e.g., Cordani et aI., 1973; Machado et al., 1996). Na seção transversal considerada, o Complexo Juiz de Fora é caracterizado por ortognaisses máficos a félsicos, por vezes migmatíticos, transformados em granulitos. Rochas de composição intermediária (enderbítica) são as mais freqüentes, embora em quase todos os afloramentos visitados tenham sido encontrados, em menor proporção, tipos ácidos e básicos. Textu_ras granoblásticas, coloração esverdeada a negra e feldspatos cor verde cana são feições macroscópicas comuns. Texturas miloníticas, acompanhadas de retrometamorfismo para fácies anfibolito, transformam os granulitos em gnaisses bandados, com feldspatos brancos e relictos de piroxênio, próximo às principais zonas de cisalhamento relacionadas à Orogênese Brasiliana. Sua mineralogia principal é representada por orto e clino-piroxênios, hornblenda, plagioclàsio antipertítico e quartzo. Subordinadamente ocorrem granada, biotita e álcali-feldspato. Zircão, apatita, monazita e ilmenita constituem minerais traços comuns. Foram realizadas 32 análises geoquímicas de elementos maiores e traços (incluindo ETR) de granulitos máficos a félsicos da seção abordada. Os novos dados corroboram o caráter ortoderivado e permitiram a subdivisão das rochas granulíticas em quatro séries rnagmáticas distintas: Alcalina (SA), Toleítica de baixo-K (STBK), Cálcio-alcalina (SCA) e Cálcio-alcalina de alto K (SCAAK). A SA compreende sieno e monzo-gabros com altos teores de Ti02 (> 3,3 % em peso), K20 (1,1-1,7%), FeO* (> 10%), P205 (> 0,58%), e enriquecimento em Rb, Zr, Ba, Nh, Y e ETR. Os padrões de ETR normalizados por condrito indicam fracionamento dos ETRL (100 a 50 vezes o condrito), anomalia negativa de Eu e distribuição não fracionada de ETRP. Diagramas discriminantes e o padrão de ETR apontam para ambiente tectônico intraplaca. Aranhogramas expandidos normalizados por N-Morb ou pelo manto primitivo sugerem contexto intraplaca continental.
doi:10.11606/issn.2317-8078.v0i18p95-96 fatcat:un52hzgumbhgpeykmj3wgpp2oe