Uma utopia colonial: as regras e ordenanças de Vasco de Quiroga

Geraldo Junior
unpublished
Resumo: Este artigo apresenta o modelo alternativo de colonização da América proposto por Vasco de Quiroga no século XVI. Para isso se analisa brevemente uma pequena obra escrita por ele, as Regras e Ordenanças para o Governo dos Hospitais de Santa Fé do México e Michoacán. Essa obra está vinculada diretamente à Utopia de Thomas Morus, e se insere no debate sobre o formato da colonização, propondo uma organização que visava o bem comum antes de atender aos interesses individuais. A partir dessa
more » ... obra é possível retornar ao presente e pensar em formas alternativas de conceber e organizar o espaço que não sejam marcadas pelo individualismo e pela ideia de que não há outras possibilidades. Palavras-chave: Vasco de Quiroga; Utopia; Colonização. IntrodUção Em 1516 Thomas Morus publicava sua utopia, que tanta fortuna teve ao longo da modernidade. Em seu rastro temos os grandes nomes de Tommaso Campanella, Francis Bacon e, mais tarde, Saint-Simon, Fourier e Owen. Podemos inclusive dizer que Marx e Engels partem da tradição utópica para tentar superá-la. Não há dúvidas que as utopias são muito relevantes para a modernidade, mas podemos dizer o mesmo da pós-modernidade? Cabe refletir, portanto, sobre a relevância do pensamento utópico atualmente, quando há uma imensa preocupação com a felicidade, como deixam claro as muitas peças de publicidade veiculadas cotidianamente. Não se vendem produtos, mas felicidade. Ora, o título completo da obra de Morus, pouco conhecido, ajuda a entender a questão: Sobre a melhor constituição de uma república e a nova ilha de Utopia. Geoge M. Logan e Robert M. Adams (1999, p. XIII 1) esclarecem que o neologismo cunhado por More através da fusão de duas palavras gregas (ou = não e topos = lugar) também 1. Introdução à edição da Utopia organizada por eles.
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