Famílias no campo [book]

Karin Wall
1998 unpublished
Este documento foi criado de forma automática no dia 25 Abril 2019. Foi obtido por via da digitalização por reconhecimento ótico de caracteres. © Etnográfica Press, 1998 Conditions d'utilisation : http://www.openedition.org/6540 É uma paisagem verde, de luminosidade variável mas intensa, salpicada de casas e fábricas, onde se desenham montes de baixo relevo, pequenas bouças de pinheiros, campos em rectângulo e uma variedade mal organizada de caminhos, atalhos e estradas. O que mais impressiona
more » ... oje no Baixo Minho é o movimento constante, de pessoas e veículos, dos que se deslocam dez, vinte ou trinta quilómetros para ir e vir do emprego, da escola ou da praia ao domingo. Os que trabalham no campo, esses, cruzam-se mais devagar no espaço da própria aldeia, a pé ou de tractor, e quase sempre sozinhos ou em grupos de dois ou três. Aí, ao contrário da paisagem verde e húmida, a mudança social é bem visível: no campo onde, há cinquenta anos, um lavrador dirigia um colectivo de trabalhadores, composto pelos seus familiares, criados e jornaleiros, encontra-se agora um agricultor solitário montado no tractor. Nas casas também se encontram continuidades e rupturas. As novas, de janelas e jardim virados para a estrada, abrigam famílias de operários fabris, empregados, pequenos empresários ou, ainda, agricultores que preferem construir uma casa nova e abandonar a antiga, a casa de lavoura granítica e resguardada do olhar público pelos muros envolventes.
doi:10.4000/books.etnograficapress.2355 fatcat:a5w5h5av5bffjgekszd7xa5fc4