A dimensão da narrativa e a didática de História de Jörn Rüsen

Rogério Chaves da Silva
2009 OPSIS : Revista do Departamento de História e Ciências Sociais  
Parafraseando Chartier 2 , "Tempo de incerteza", epistemological crisis, tournant critique, este é o clima de insegurança que permeou o habitat dos historiadores, desde a crítica narrativista ocorrida nos anos 1960 e 1970. Nesse quadrante histórico, antigas certezas foram abaladas, a objetividade da ciência histórica, a validade geral do conhecimento, baseada na relação com a experiência do passado e na racionalidade no trato cognitivo dessa experiência, foi posta em cheque. Assumir que o
more » ... imento histórico, em princípio, é constituído por uma narrativa, fez-nos pisar em terreno epistemológico movediço. Essa crise epistemológica teve como ponto nevrálgico a concepção moderna de ciência, sustentada por grande parte da comunidade dos historiadores. Estribados no conceito de ciência sedimentado no século XIX, esses especialistas acabaram relegando a escrita da história a uma posição secundária, elegendo a pesquisa como operação determinante para a constituição da história como ciência. Já na segunda metade do século XX, a crítica narrativista fez com que a relação entre pesquisa e escrita da história fosse visualizada sob outro prisma teórico. A partir da repercussão dos trabalhos de Hayden White, maior representante do chamado Linguist Turn, e mais recentemente, de autores como Frank Ankersmit, houve uma espécie de inversão no modo tradicional de conceber o problema da relação entre pesquisa e escrita da história: o relevo destinado à escrita em detrimento da pesquisa. Dentro dessa nova concepção, o texto histórico passou a ser considerado um artefato lingüístico, elaborado segundo princípios literários e ligado unicamente às estruturas da narrativa. Para esses autores, denominados de narrativistas, não haveria como representar o passado em sentido epistemológico, visto que a história seria sempre uma construção pessoal, uma manifestação da perspectiva do historiador como narrador, portanto, epistemologicamente frágil. Haveria, então, uma autonomia da narrativa
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