A EDUCAÇÃO ALEMÃ NA COLÔNIA RIOGRANDENSE: 1922-1938 (MARACAÍ/CRUZÁLIA-SP)
Flávia Silva
2011
Nuances estudos sobre Educação
de Paula, pelo apoio e confiança que sempre me transmitiram e pelas palavras certas, na hora certa. A minha prima/irmã e comadre Solange pelo apoio em todas as ocasiões e, desde a época de escola incentivar meus estudos. Ao meu primo, Maicon, pelas conversas e desabafos madrugadas a fora, que passando pelas mesmas angústias que eu (trabalho na rede e mestrado) compartilhou das alegrias e privações familiares e sociais que o mestrado nos traz. A minha querida avó Benedita, aos meus tios e primos
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... maternos e paternos, meus padrinhos, e enfim todos os familiares que incentivaram e torceram por mim. Às Diretoras das Escolas que trabalhei desde o tempo da preparação para prestar o processo seletivo para o mestrado até a conclusão do mesmo: Maria Rita Taveira Camargo, Alda Grabrigna, Elisabeth Rodrigues Castilho pelo apoio e incentivo dado, e principalmente a Gertruhd Goettsche pela solidariedade e por ter me ajudado a "segurar as pontas" na escola tantas vezes durante a época do cumprimento das disciplinas. À Ursula Goettsche e Lídia Braun pesquisadoras que me cederam vários materiais e pelas discussões sobre a pesquisa; Aos descendentes de imigrantes e pessoas envolvidas na Colônia Riograndense que me cederam diversas fotos, informações informais e materiais para pesquisa: Regina Boech, , os quais me receberam em suas residências (em contato online e por telefone) e colaboraram com materiais e informações importantes para essa pesquisa. 8 Aos fiéis amigos Léia, Raquel, Nei, Heleni, Fernando, Maria José, Nívea, Thais e Ivan, pela amizade sincera e companheirismo. Ao grupo de música, Agnus Dei, da Paróquia São Sebastião de Cruzália, pela paciência e compreensão pelas minhas ausências em ensaios e missas. À supervisora de Ensino da Diretoria de Ensino de Assis, Rosinei pela força e contribuição durante os trâmites da Bolsa Mestrado e por nossos longos papos sobre a História da Educação. Aos meus queridos professores do tempo de escola e hoje companheiros de trabalho: Hosana, Luzia, Clenira, Marlúcia, Renata e Zardetto, ensinamentos para além da escola, os quais não esqueço jamais.... A todos os professores, amigos e companheiros de lutas e compromissos com a educação, por todos os ensinamentos e esperanças que transmitem aos educandos. À minha amiga e companheira de pesquisa e viagem Rita de Cássia Zirondi Di Nallo, pelo companheirismo, pelas lágrimas e risadas no caminho até Presidente Prudente. À querida Dona Augusta Buziquia, filha de imigrantes alemães, que além de me incentivar para o aprendizado contínuo da Língua Alemã e gastar horas traduzindo e lendo poemas e histórias em alemão comigo, se tornou minha amiga e confidente. À Secretaria de Educação do Estado de São Paulo pela Bolsa de Mestrado. Ao Instituto Martius-Staden de São Paulo, pela atenção, pronto atendimento e por disponibilizarem-me matérias relevantes para esta pesquisa. Enfim, agradeço principalmente aos Imigrantes Alemães e descendentes que cederam seus depoimentos para que a história da Educação da Colônia Riograndense fosse contada: Herta Weissheimer, Rosa Ludwig, Heinrich Hoffmann, Grete Wrede e Elsbeth Müller. E acima de tudo agradeço a Deus, que ilumina o meu caminho e guia os meus passos. RESUMO Este trabalho trata da história educacional de uma colônia de alemães localizada no interior do Estado de São Paulo, a Colônia Riograndense. Esta colônia, que se situa em área rural, foi fundada em 1922 entre os municípios de Maracaí e Cruzália, e é composta por famílias de origem germânica, vindas de outras Colônias Alemãs no Brasil, da Alemanha, e outros países da Europa. A pesquisa sobre os aspectos educacionais dessa colônia se torna importante, uma vez que em plena mata e num lugar praticamente desprovido de recursos, esses colonos conseguiram construir e manter em funcionamento um sistema escolar. Além disso, clubes, igrejas, cooperativa, corais, grupos musicais e de danças, entre outros, no intuito de garantir aos seus filhos, não somente o acesso à educação, mas também a preservação da língua e da cultura. Para tanto, essa pesquisa de cunho qualitativo, pautou-se na História e nos Estudos Culturais, na História Oral e em fontes literárias e bibliográficas sobre a área especifica. Utilizou-se de narrativas orais dos pioneiros da Colônia Riograndense e de material iconográfico relativos ao cotidiano e às práticas escolares e sociais. Como resultados obtidos pode-se afirmar que a Imigração Alemã e sua contribuição cultural e educacional em solo paulista transformaram as práticas e as representações sociais que se tinham até então na região, haja vista terem conseguido implantar e manter vivos por um bom tempo, suas tradições, sua língua, suas práticas culturais e escolares. A escola por eles implantada contou com material próprio, em alemão, produzido no Brasil, para que os filhos dos imigrantes pudessem conhecer em sua própria língua a realidade local e se formarem como cidadãos brasileiros. A presença alemã com todas suas experiências e vivências configurou-se como meio importante de acesso à bens culturais e educacionais naquela região, tanto para os próprios filhos dos imigrantes, como para as crianças brasileiras que residiam próximas à colônia. ABSTRACT This paper presents a study about educational history of a German colony, located within the State of Sao Paulo, Colônia Riograndense. This colony, which is located in a rural areas was established in 1922 between the cities of Maracaí and Cruzália, and is composed of families of Germanic origin, came from others German Colony in Brazil, Germany and other European countries. Research on the educational aspects of this colony becomes important, since in full forest and in a place almost devoid of resources, the settlers managed to build and maintain a functional a school system. Over there, clubs, churches, cooperatives, choirs, bands and dances, among others, in order to ensure their children not only access to education, but also the preservation of language and culture. Therefore, this qualitative research, was based in Cultural History and Studies, in Oral History and literary sources and literature on the specific area. We used the oral narratives of the pioneers of the Colony Riograndense and iconographic material relating to daily life and to the educational and social practices. As results, it can be argued that the German immigration and its contribution to cultural and educational in this land transformed the social representations and practices that had so far in the region, given their failure to deploy and remain alive for a long time, their traditions, their language, their cultural and school practices. The school said they deployed with their own material, in German, made in Brazil, that immigrants' children could know their own language in the local situation and to train as Brazilian citizens. The German presence with all their experiences configured as important means of access to cultural and educational in that region, both for their own children of immigrants, and for the Brazilian children who lived near the colony. Introdução Mergulhar no passado é empreitada que desperta especial fascínio, não só pela riqueza do que há para desvendar, como pela quantidade de 'segredos' que o contato com o real propicia. (VIEIRA; FARIAS, 2007, p. 15) A imigração alemã no Brasil, bem como a contribuição e a inserção dos respectivos imigrantes na sociedade brasileira, são temas de estudo de diversos pesquisadores da atualidade, haja vista que o assunto desperta os mais variados questionamentos e abordagens. É inegável a importância, em nossa sociedade, desses imigrantes que trouxeram consigo suas culturas, transportando para além da língua, ideias, esperanças, hábitos e concepções educativas, as quais enriqueceram com hibridações o nosso país. Tendo em vista estas considerações, proponho-me a escrever uma história que ainda foi pouco contada: a da educação dos imigrantes alemães e de seus descendentes na Colônia Riograndense. Certeau (1998) afirma que "toda pesquisa é autobiográfica e tem relação com a história de vida de cada um." Da mesma forma, acredito que esta pesquisa está estreitamente ligada com minha história pessoal, até com o contexto em que eu cresci, me formei e do qual hoje faço parte. No meu primeiro ano de escola, início de minha alfabetização, minha professora da 1ª série, Dona Beth, como era chamada pela sala, tendo trabalhado com o alfabeto em classe, propôs-nos uma lição de casa. Tínhamos que recortar de revistas, uma palavra para cada letra do alfabeto. Eu morava com minha avó materna no sítio e lá não tínhamos muitas revistas. Meus avós paternos, que sempre moraram na Colônia Riograndense, pois trabalhavam para uma família de alemães, tinham na casa deles pilhas e pilhas de revistas de moda, pois minha tia que morava com eles era costureira, e ganhava muitas revistas de suas freguesas. Fui para lá no final de semana para fazer minha tarefa. Minha tia deixou que eu recortasse as revistas mais velhas. Achei que algumas palavras eram compridas demais, diferentes, mas o que importava eram as letras no início delas. Recortei um monte e colei no caderno, como havia pedido a professora. Fui para escola feliz da vida. Tarefa cumprida. Ainda me lembro da expressão de espanto no rosto da professora. Ela questionou aquelas palavras e disse que não eram da Língua Portuguesa! Pediu para que eu as lesse. Eu estava começando a ler em Português. Eu disse a ela que não sabia ler. Pensei comigo, eu ainda não sei ler essas palavras, mas vou aprender um dia. A senhora já veio namorando da Alemanha ou conheceu seu marido aqui? Eu conheci meu marido aqui, mas ele já estava esperando por mim. A filha interrompe: Ela deu o golpe do baú. Casou com filho do patrão. (todos riem) Ele já estava esperando a senhora sem conhecer? Eu to falando assim, mas a gente se viu, mas a gente chegou em Santos, fomos mandado para Assis pela Imigração, né. A filha acrescenta: Eles chegaram sem rumo, tinham perdido tudo aqui e vieram fugidos da guerra. E foram mandados para Assis porque seria perto de uma colônia de alemães, e de repente podia conseguir emprego dentro da cultura deles.
doi:10.14572/nuances.v19i20.990
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