AUTONOMIA: A NOVA PALAVRA DE ORDEM NA EDUCAÇÃO

Silvestre Teixeira
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A população dos "marginalizados", dos "pauperizados" ou dos "excluídos" não dispõe, pelo menos por enquanto, de nenhum poten-cial ameaçador como dispunham os "assalariados" dos últimos 200 anos. Os trabalhadores-dentro da cultura ainda vigente e cm que nos formamos-tinham um braço forte o sindicato; tinham interesses específicos e bem desenhados, uma organização que lutava para "deter as engrenagens do sistema", que eles próprios integravam, de forma contraditória. Seja como parte
more » ... qualidade de força produtiva intrinsecamente vinculada ao modo de produção dominante-seja com uma dimensão diminutiva, decorrente da assimetria da composição e do vigor dos vetores no campo de forças gerado pela relação capital/trabalho, os trabalhadores tinham significado. A crescente população-ainda amorfa porque sobrante-se tornou "desimportante" ao sistema e sequer tem mais a chance de lutar no seu interior dialeticamente. Sem potencial ameaçador, grande parte do enorme exército de potenciais trabalhadores, for-mados ou não formados para o trabalho à moda antiga, perdeu o significado, tão caro aos ideólogos e revolucionários, de portadores da "libertação". É impressionante como-para muitos-o descenso da importância relativa da "'categoria trabalho" não apenas vem signi-ficando um novo estágio da história da humanidade, mas o próprio fim da história! Há um enorme equívoco na interpretação dos fenómenos atuais decorrentes de um somatório de fatores e que estão gerando, de forma acelerada, o fim do trabalho como relação de emprego no espaço de atuação dos "protagonistas maiores" das transformações sociais. A missão da transformação social se já era difícil, quando a sociedade industrialista tinha em suas fábricas os pelourinhos do empobrecimento mental que fragmentava o trabalho humano-a existência humana-cm mil migalhas, passou a ser quase impos-sível, quando este espaço tende a não mais existir. É que a fábrica na sociedade industrial era entendida como espaço privilegiado de lutas e as lutas existiram enquanto o espaço se expandia. E agora? Ou se criam tantos espaços que consigam abrigar os novos
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