Prescrição de medicamentos potencialmente inapropriados em instituições de longa permanência para idosos

Marcos Hortes N. Chagas, Ana Carolina Chini, Rebeca Mendes de Paula Pessoa
2017 Jornal Brasileiro de Psiquiatria  
Os critérios de Beers publicados pela Sociedade Americana de Geriatria são utilizados para identificar medicamentos de uso potencialmente inapropriados (MPIs) em idosos 1 . Em 2012, os critérios foram atualizados considerando método baseado em evidências. Esse instrumento pode ser empregado facilmente por especialistas e não especialistas no auxílio do manejo farmacológico de pacientes idosos, contribuindo para prescrição médica mais adequada e evitando a polifarmácia. Recentemente, Andrade et
more » ... l. publicaram um estudo nesta revista apontando a elevada frequência de prescrição desses medicamentos em idosos institucionalizados em um hospital psiquiátrico do interior da Bahia 2 . Nesse estudo, um ou mais medicamentos potencialmente inapropriados estavam presentes em 90% das prescrições 2 . Da mesma forma, realizamos um estudo na cidade de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, com o objetivo de avaliar a cognição e o comportamento de idosos internados em instituições de longa permanência (ainda não publicado) e encontramos alta frequência de prescrição de MPIs. O estudo foi transversal e realizado em quatro instituições (duas filantrópicas e duas privadas). Foram excluídos pacientes com incapacidade clínica ou neuropsiquiátrica grave. Os dados relativos às medicações foram extraídos diretamente das folhas de prescrições. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa para seres humanos (CAAE: 22872813.5.0000.5440). Foram avaliados 51 idosos, dos quais 64,7% eram mulheres (n = 33). A média de idade foi de 78,1 anos (DP: ±9,8) e a média do escore total do Miniexame do Estado Mental foi de 18,2 (DP: ±5,4). MPIs estavam presentes em 52,9% das prescrições, além disso, duas prescrições apresentavam "fórmulas manipuladas" sem a descrição de seus componentes. As MPIs mais prescritas foram antipsicóticos que estavam presentes em 31,4% (n = 16) das prescrições, sendo a quetiapina a mais presente (n = 7). Os benzodiazepínicos encontravam-se prescritos para 25,4% (n = 13) dos idosos. Nesta classe, o diazepam foi o mais prescrito (n = 8). Foi encontrada polifarmácia (≥ 5 medicamentos) em 39,2% dos casos (n = 20). Outros estudos também encontram prevalência semelhante de prescrição de MPIs em idosos, e os psicotrópicos estão entre os mais prescritos 3 . Especialmente em idosos, os profissionais de saúde, incluindo psiquiatras e psicogeriatras, devem ficar atentos para o uso indiscriminado de antipsicóticos e benzodiazepínicos. Os antipsicóticos aumentam a mortalidade em idosos, além de efeitos adversos como parkinsonismo, patologias cerebrovasculares, síndrome metabólica, entre outros, de acordo com as características específicas de cada antipsicótico 4 .
doi:10.1590/0047-2085000000151 fatcat:a2lddbjc6zd7rpc2nzk3dc36m4