A máscara e o espelho: representações de masculinidades nos autorretratos acadêmicos brasileiros [thesis]

Gustavo Brocanello Regina
AGRADECIMENTOS Não há como receber uma formação em arte, mínima que seja, sem passar pelos quadros do Renascimento. Lembro-me claramente quando, ainda pequeno, aprendi que alguns daqueles quadros não eram obra de um único indivíduo. Eram estudos coletivos realizados nos ateliês, dirigidos por um professor, nos quais cada aluno tinha uma participação. Carreguei comigo esta imagem de trabalho em equipe e, ao longo dos anos, surpreendiame a perceber o quanto ela se aplicava a quase todos os
more » ... s da vida. Fosse na esfera familiar, nos relacionamentos diversos, no trabalho ou na criação, a atividade em conjunto rendia frutos muito melhores. Todas as vezes em que decidi me afastar do trabalho em equipe por alguma espécie de pretensão mais individual, a qualidade do trabalho sofreu. Ainda sinto que a melhor proposta é sempre a cooperação mútua. Isto não é anular-se, mas fortalecer-se e aprender com o outro. Pode ser mais laborioso em determinados momentos, pois implica em ceder, saber ouvir, saber se impor, compreender... Todavia, lidar com a grande diversidade de carismas deixa de ser um fator de estresse ao notarmos que esta alternativa não apenas é uma das mais produtivas como pode ser bastante prazerosa. De forma análoga, considero o conhecimento uma construção coletiva, especialmente em uma pesquisa interdisciplinar como propõe este programa de pós-graduação. Como disse o poeta alemão Heinrich Heine (1797-1856), -pois o homem deve herdar do homem, e porque seus trabalhos e seus resultados são coletivos‖. Apesar de um stricto sensu exigir momentos de isolamento para a leitura e redação, o trabalho em equipe reflete-se nos grupos de estudos, nas ideias que os amigos e colegas inspiram, em conversas que iluminam e críticas que nos apontam nossas fraquezas ou apenas outros pontos de vista. Os autores de uma pesquisa são, portanto, muitos; cada um contribuindo de alguma forma para a estrutura do pensamento. Sob esta perspectiva, sou incapaz de me considerar o autor deste trabalho. Considero-me um organizador de pensamentos mais nobres que os meus, os quais guiei ao sabor de minhas dúvidas. É com um sentimento de profunda gratidão que agradeço os inúmeros pesquisadores e pensadores de todas as épocas. São estes criadores de teorias e conceitos que vieram antes de nós os responsáveis por abrir o caminho para o conhecimento. Este trabalho não teria sido possível sem o apoio da secretaria da pós-graduação do IEB, especialmente de Cristina e Daniele. Um trabalho importantíssimo que nos dá a segurança para ir adiante. Oferto meu agradecimento às professoras Cláudia Fazzolari, Neide Marcondes e Joana de Fátima Rodrigues, pelo primeiro contato na universidade, pela recepção e sugestões de pesquisa. Agradeço também aos colegas e companheiros . Agradeço também aos queridos amigos Carlos Lima Júnior, Marina Mazze Cerchiaro e Verinha Araújo, suas contribuições, amizade e apoio foram fundamentais. Aos professores Camilo Braz e Richard Miskolci, pela amizade e conversas. Agradeço os professores Paulo Teixeira Iumatti e Paula, por toda a orientação na metodologia do trabalho; ao professor Eduardo Dimitrov pelas contribuições que trouxe nas aulas de arte e poder e nos grupos de estudo. Agradeço o professor Antonio Dimas, cuja convivência foi breve, mas muito prazerosa. Obrigado aos professores Márcio Bressiani Zamboni e Renata Guedes Mourão Macedo, que ministraram sempre animados o curso -Introdução aos Estudos de Gênero‖ na unidade Maria Antônia. Agradeço aos professores suplentes da banca, pela disponibilidade de tempo e experiência. Tive o grande privilégio de ter a professora Fernanda Pitta como convidada na aula de metodologia, quando leu e comentou a primeira versão deste projeto. Seus apontamentos claros e precisos moldaram bastante este trabalho, sem mencionar sua pesquisa, que me guiou e esclareceu. Tenho mais uma vez o privilégio de tê-la lendo meu trabalho, agora na versão final, com a certeza de receber contribuições ainda mais empolgantes. Por tudo isto, sou muito agradecido. Um agradecimento muito especial aos professores Júlio Simões e Marcos Moraes. O professor Júlio mostrou-se prestativo não apenas nas aulas na FFLCH, mas também na banca de qualificação. Com ele, fui capaz de compreender teorias complexas que antes pareciam herméticas. São poucos os professores capazes de passar de forma sintética e brilhante conhecimentos que nos parecem inacessíveis. E são ainda mais raros os que, com uma forma educada e tranquila, conseguem semear ideias em nossos estudos. Muito obrigado! Não há como agradecer o suficiente o professor Marcos Moraes. Ele esteve presente desde minha recepção no IEB até minha qualificação. Seus apontamentos, além de inspiradores, eram muito bem colocados e sempre em forma de sugestão amiga. Além de toda a competência profissional, surpreendeu-me sempre pela conduta extremamente gentil, pela disponibilidade e pela generosidade com que partilhava conhecimentos. Aprendi com ele, além da formação de aluno, uma conduta de trabalho leve e baseada no respeito, que me marcaram profundamente. Obrigado! Também me faltam as palavras para agradecer a professora Ana Paula Cavalcanti Simioni. Quando a procurei e comecei a assistir às suas aulas, ainda como aluno ouvinte, eu procurava por uma especialista no assunto. Acabei encontrando muito mais: uma professora no verdadeiro sentido da palavra. Uma profissional de impecável conduta ética e de conhecimento impressionante. Sua erudição não intimida, estimula. Extrai o que há de melhor em nós enquanto preserva nossa própria visão, sem impor-se. Generosidade, respeito, compreensão, bom humor, são algumas das virtudes dela que transpareceram ao longo deste trabalho. Só há boas memórias e uma gratidão imensa por uma professora completa e humana. Obrigado aos meus amigos geeks do rugby, André meus recentes e importantes amigos e amigas da Liga Solidária, do GEB e da Brasilândia, obrigado! Agradeço aos meus amigos Taguy Vandenabeele, William O. Tyler, Joe Ruhnke, John Dean e Christine Polydoris Webster que, mesmo distantes, fazem-se sempre presentes. Um obrigado mais que especial aos melhores amigos Allan Neuwirth e Sean Platter, que acompanharam toda minha trajetória. Agradeço meus amigos, Luís Vitiritti e Flavia Bohone, por todos os anos juntos. E a Nina, minha filha de coração, sempre renovando minhas energias. Não é possível esquecer-se das grandes amigas de coração, Zair Prates, Fabi Holtz, Morgana Campos, Marcia Eugenia Cerdeira e Pati Pavanelli. Obrigado a meus tios que sempre me estimularam e me apoiaramObrigado à família estendida que a vida me ofereceu, a Isabella, minha -co-sogra‖, por todas as conversas e ideias generosas, e ao meu irmão Jair. Obrigado aos meus pais, José Benedito e Ana Cecília, pelo exemplo e pelo amor incondicional em todos os momentos. Obrigado à minha irmã e melhor amiga, Ana Carolina, por estar em minha vida, pelas instruções, companheirismo, amizade, todo o convívio que me fez uma pessoa melhor e pelo Dante, o maior presente que você já me deu. Por fim, obrigado a todos os artistas contemplados neste trabalho e pelo precioso legado cultural que deixaram para o futuro. "A vida só pode ser entendida olhando para trás, mas ela deve ser vivida indo para frente". Søren Kierkegaard "Se você quer entender o hoje, você tem que pesquisar o ontem". Pearl S. Buck RESUMO Esta dissertação tem por objetivo compreender as representações das masculinidades realizadas nas pinturas acadêmicas brasileiras entre os séculos XIX e XX. Buscou-se analisar a vida e obra do crítico de arte e escritor carioca Gonzaga Duque Estrada (1863-1911) para entender o cenário artístico brasileiro no qual as pinturas foram concebidas e como elas foram mediadas para o público. Também pretendeu-se examinar os autorretratos masculinos ao longo da história de modo a determinar uma bacia semântica comum nas representações e trazer a luz a dinâmica entre a percepção de si mesmo, a construção da imagem do homem com as vivências possíveis do gênero masculino. Neste sentido, a partir dos dados coletados, a pesquisa parte para o comentário dos autorretratos de pintores brasileiros, tais como Almeida Júnior (1876-1882) e Pedro Américo (1843-1905), em um esforço de investigar o quanto as pinturas selecionadas para este estudo estavam inseridas em um debate maior que buscava definir a identidade masculina. ABSTRACT This dissertation intends to comprehend the representations of masculinities executed in Brazilian academic paintings between the 19 th and 20 th centuries. We sought to analyze the life and work of the art critic and writer Gonzaga Duque Estrada , native do Rio de Janeiro, in order do understand the Brazilian artistic scenario in which these paintings were conceived and how they were presented to the public. We also intended to examine the male self-portraits throughout history so that the research could determine a common semantic source in these representations and bring into light the dynamics between the perception of oneself, the construction of the image of man with the possible experiences of the male gender. In this sense, based on collected data, the research comments the self-portraits of Brazilian painters, such as Almeida Júnior (1876-1882) and Pedro Américo , in an attempt to investigate how much the paintings selected for this study were part of a bigger debate that sought to define masculine identity.
doi:10.11606/d.31.2018.tde-12122018-101951 fatcat:yi25nl5y5rc3lak3ut4ycajyye