Um caso raro de carcinoma medular da tiroide não secretor
Florbela Ferreira, Ema Nobre, Ana Wessling, Valeriano Leite, Isabel Do Carmo
2014
Revista Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo
informação sobre o artigo Historial do artigo: Recebido a 1 de agosto de 2013 Aceite a 24 de junho de 2014 On-line a 22 de novembro de 2014 Palavras-chave: Carcinoma medular da tiroide Não secretor Calcitonina r e s u m o O carcinoma medular da tiroide (CMT) é uma forma rara de carcinoma desta glândula (3-5% dos casos). Caracteriza-se pela síntese e secreç ão de calcitonina (Ct). A mediç ão da Ct tem baixa especificidade, mas elevada sensibilidade na deteç ão de CMT. CMT com Ct normal ou apenas
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... ligeiramente aumentada é um evento raro, com poucos casos descritos na literatura. Um homem de 61 anos foi referenciado à consulta de endocrinologia para avaliaç ão de um nódulo sólido, único, no lobo direito da tiroide, com 38 x 30 mm de diâmetro. Não se identificaram adenopatias cervicais suspeitas na ecografia. O nódulo tinha sido detetado 2 anos antes e cresceu lentamente desde então. A citologia aspirativa obteve um resultado benigno. A funç ão tiroideia (TSH e FT4) era normal, com anticorpos antiperoxidase elevados (826 UI/mL). A Ct sérica basal era 15,4 pg/mL e o CEA 2,4 ng/mL. O doente foi submetido a lobectomia direita. A avaliaç ão histopatológica revelou CMT. Não havia invasão vascular ou infiltraç ão capsular. A imuno-histoquímica foi positiva para sinaptofisina e cromogranina A, e em escassas células também para Ct e CEA. As lâminas foram avaliadas no serviç o de anatomia patológica de um hospital oncológico, que confirmou o diagnóstico de CMT. A história familiar era negativa para CMT ou outra doenç a endócrina e o doente não apresentava evidência de endocrinopatia concomitante, excluindo o diagnóstico de síndrome de neoplasia endócrina múltipla. O estudo genético revelou múltiplos polimorfismos do gene RET, em particular S836S, mas não foram encontradas mutaç ões germinais, confirmando assim tratar-se de CMT esporádico. Os níveis de Ct no pós-operatório têm-se mantido persistentemente indetetáveis. Os aspetos benignos da ecografia e citologia tiroideia e Ct minimamente aumentada em contexto de tiroidite autoimune não levantavam suspeiç ão de CMT, pelo que o diagnóstico histopatológico foi inesperado. Trata-se, portanto, de um dos raros casos descritos na literatura de CMT não secretor.
doi:10.1016/j.rpedm.2014.06.002
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