Luiz Ruffato: O começo e o fim dependem do ponto de vista

Elizabeth Hazin, Francismar Ramirez Barreto
2008 Scripta  
ou não tivessem velame/ou leme ou âncora ou vento/ou porque se embebedassem/ou rotas se despregassem,/mas simplesmente porque/já estavam podres no tronco/da árvore que as tiraram". De alguma forma, esta tríade concentra as inquietações que se desdobram no romance. A preocupação com a noção de família, base do primeiro volume -e tema que desencadeia o livro, por sinal -, se materializa na "italianada" que se assenta em Rodeiros (MG) por volta da década de 50 do século XX. O volume Mamma son
more » ... felice está povoado por pais onipotentes, vizinhanças e filiações. Estes núcleos -parece dizer o autor -poderão ser a célula primeira da sociedade, mas definitivamente não um mar A história do Inferno provisório -romance em cinco volumes que o escritor mineiro Luiz Ruffato vem imaginando desde que pensou em tornar-se escritor -começa com uma dedicatória, uma citação bíblica e uma citação literária. A pentalogia está consagrada aos pais, aos filhos e a um nome feminino que tem ares de amor. Os versículos pertencem ao livro de Daniel: "Tu te lembraste de mim, ó Deus, e não abandonaste os que te amam" (14:38). Já a citação literária pertence à Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima. É a sexta parte do Canto V ("Poemas da vicissitude") e diz exatamente o seguinte: "Também há naus que não chegam/mesmo sem ter naufragado:/não porque nunca tivessem quem as guiasse no mar/
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