Estudo dos efeitos centrais da ocitocina sobre a percepção somatossensorial e a memória da dor em humanos
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Jéssica Urtado da Silva
AGRADECIMENTOS À Ivana, minha querida orientadora, com quem aprendi muito ao longo dos anos, para além do contexto acadêmico, contribuindo para que eu crescesse como pessoa e como profissional. Sou grata por toda a paciência, disponibilidade, parceria e amizade. Levarei para sempre em meu coração. Ao Grupo de Estudos da Dor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, por nos abrir espaço em seus laboratórios, nos apresentar suas técnicas e
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... os equipamentos. Agradecimento especial ao Ricardo Galhardoni, que com muita paciência me ensinou os protocolos e a aplicação do QST. Aos voluntários, sem os quais essa pesquisa não teria acontecido, pela disponibilidade e generosidade em contribuir para construção de novos conhecimentos científicos. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pela concessão da bolsa de mestrado e apoio financeiro para que esta pesquisa se concretizasse. Aos meus pais e meu querido irmão, minha eterna gratidão por todo o amor, carinho, cuidado e companheirismo. Por me guiarem pelos caminhos da bondade e sabedoria, contribuindo para que eu pudesse abraçar as oportunidades e realizar os meus sonhos. Ao meu noivo, que com muito amor, carinho e compreensão esteve ao meu lado em todos os momentos, sempre me incentivando e me mostrando o quanto sou capaz. Às minhas amigas e irmãs de coração, que acompanharam cada passo, com as quais compartilhei todas as alegrias e angustias, tornando a caminhada mais leve e amparada. Aos meus familiares, que sempre torceram por mim, compartilhando cada fase com muito carinho e entusiasmo. À Deus, sem o qual nada seria possível. "A ocitocina nos conecta com as pessoas. A ocitocina nos faz sentir o que outras pessoas sentem. E é tão fácil promover, no cérebro das pessoas, a liberação de ocitocina. Sei como fazê-lo, e meu modo favorito de fazer isto é, na verdade, o mais fácil. Deixem-me mostrá-lo para vocês. Vem cá. Dê-me um abraço". Paul Zak RESUMO SILVA, J. U. (2016). Estudo dos efeitos centrais da ocitocina sobre a percepção somatossensorial e a memória da dor em humanos. Dissertação de Mestrado -Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo. Diversos estudos têm demonstrado a participação da ocitocina em promover a interação social presente no comportamento materno, sexual e interpessoal, bem como em processos de memória e aprendizagem. Recentemente, a influência da ocitocina sobre a modulação da percepção da dor também tem sido discutida. Estudos histológicos mostraram a presença de receptores de ocitocina em diferentes áreas cerebrais, como a substância cinzenta periaquedutal, envolvida no controle descendente da dor e o hipocampo, envolvido nos mecanismos de memória e aprendizagem aversiva. Este trabalho teve como objetivo investigar os efeitos centrais da ocitocina intranasal sobre a percepção somatossensorial e a memória da dor em humanos. O estudo foi realizado com 31 voluntários do sexo masculino, possuindo idades entre 18 e 45 anos. Para avaliar a influência da ocitocina sobre a percepção e a memória da dor, grupos placebo (solução salina) e experimental (ocitocina intranasal 24 UI ou 40 UI) foram submetidos a Testes de Quantificação Sensorial-QST, que envolveram a aplicação de estímulos térmicos (frio e calor) e mecânicos, a fim de identificar os limiares de detecção e de dor. A memória da dor percebida foi acessada pela Escala Visual Analógica, apresentada após a administração de ocitocina. Os resultados encontrados foram significativos para o efeito da ocitocina sobre o limiar de detecção mecânico (p<0,05), para o grupo ocitocina 40 UI. Ainda, foi possível observar uma tendência à atenuação da memória, frente ao estímulo doloroso frio (p= 0.09). Os demais testes realizados não apresentaram resultados significativos. Estes dados sugerem que a ocitocina, que também é liberada pelo toque nãonocivo, pode aumentar a percepção do toque cutâneo, favorecendo o estabelecimento de vínculos sociais, que são fortemente modulados pela ocitocina. Entretanto, não influencia na detecção de estímulos térmicos inócuos ou na detecção de dor mecânica e térmica, bem como na memória da dor ao calor e ao frio, apesar da clara tendência a uma possível modulação da memória da dor ao frio, o que sugere que os efeitos centrais da ocitocina podem influenciar seletivamente a memória da dor, dependendo da relevância psicobiológica do estímulo. Palavras-Chave: Ocitocina; Percepção; Dor; Memória; Tato. ABSTRACT SILVA, J. U. (2016). Study of central effects of oxytocin on somatosensory perception and memory of pain in humans. Master´s Dissertation -Institute of Psychology, University of São Paulo. In addition to its role in childbirth labor and lactation, oxytocin is a well-known neurohormone, having several prosocial effects. Moreover, oxytocin seems to play a significant modulatory role in painful experiences, due to its participation in central and peripheral processing of nociceptive somatosensory information. Histological studies have shown the presence of oxytocin receptors in different brain areas, such as periaqueductal gray matter, involved in descending pain control and the hippocampus, involved in memory mechanisms and aversive learning. This work aimed to investigate the effects of intranasal oxytocin on somatosensory perception and pain memory in humans. The participants were 31 healthy men (ages ranging from 18 to 45 years old). To evaluate the influence of oxytocin on the perception and memory of pain, placebo (saline) and experimental groups (intranasal oxytocin 24 IU or 40 IU) were submitted to QST-Quantitative Sensory Testing, which involved the application of thermal stimuli (cold and heat) and mechanical, in order to identify the thresholds of detection and pain. The memory of perceived pain was accessed by the Visual Analog Scale, presented after the administration of oxytocin. The results were significant for the effect of oxytocin on the mechanical detection threshold (p <0.05) for the oxytocin group 40 IU. The data showed a significant increase in tactile perception in an experimental 40 IU oxytocin group. We suggest that this effect could be the basis for the oxytocin-bonding effect via touch. Also, it was possible to observe a tendency to attenuation of the memory, in front of the cold painful stimulus (p = 0.09). The other tests performed did not present significant results. However, it does not influence the detection of harmless thermal stimuli or the detection of mechanical and thermal pain, as well as the memory of pain to heat and cold, despite the clear tendency to a possible modulation of pain memory to cold, suggesting that the central effects of oxytocin may selectively influence pain memory, depending on the psychobiological relevance of the stimulus.
doi:10.11606/d.47.2017.tde-25072017-172834
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