Economia solidária – alternativa revolucionária em meio ao capitalismo globalizado?

José de Almeida Amaral Junior
2009 Cadernos de Pós-graduação  
Tendo em vista a precariedade do mercado de trabalho, resultado das transformações do capitalismo contemporâneo, este artigo discute a viabilidade e as dificuldades enfrentadas pela proposta política da Central Única dos Trabalhadores -CUT por meio da sua Agência de Desenvolvimento Solidário -ADS, que resgata o cooperativismo autogestionário da economia solidária, entendido como patrimônio centenário dos trabalhadores, devendo ser reavivado e expandido como algo além de uma forma de combate ao
more » ... esemprego estrutural, ou seja, como um instrumento da revolução socialista. A formação cooperativista orienta as políticas educacionais da ADS e vai sendo apropriada por várias prefeituras petistas, permitindo que a economia solidária passe a ser um modelo de política pública. Utilizando como referencial teórico Antonio Gramsci (1968), cujos pensamentos embasam também a educação cutista; a análise documental pertinente à criação e diretrizes da ADS e das Políticas Nacionais de Formação -PNF e a bibliografia que tematiza as relações Estado, cooperativas, sindicatos e educação para o trabalho, nossas análises indicam que tal projeto apresenta frágil probabilidade de emancipação da classe trabalhadora, considerando-se as raízes históricas da relação entre cooperativismo e sindicalismo, assim como as características das estruturas que formam a realidade socioeconômica do Brasil. Isso nos leva a concluir que a proposta política da ADS é uma tentativa de reconstrução do campo de atuação sindical e não apresenta potencial revolucionário. Palavras-chave: Autogestão. Capitalismo. Economia Solidária. Sindicalismo. Trabalho. Abstract Having in mind the great precariousness of the labor market, resulting from the transformations in the contemporary capitalism, this article deals about the feasibility and the difficulties faced by the CUT's [Unique Central for Workers] political proposal by means of its ADS [Agency for Solidary Development], which recovers the self-managing cooperativism of the solidary economy, understood as workers' centennial patrimony, which must be revived and expanded as something beyond a way of fighting against the structural unemployment as an instrument of the socialist revolution. The formation to cooperativism guides educational policies with teenagers, adults and risk population. The experiences are adopted by various PT city halls and thus allow the solidary economy to become a model of public policy. Our considerations, using as a theoretical reference Antonio Gramsci, whose thoughts also support CUT's education, indicate that such project within the actual scenery points to a slight probability of emancipation of the working class, considering the historic roots of the relations between cooperativism and labor-unionism, as well as the characteristics of the structures forming the Brazilian socio-economic reality, indicating that the ADS's political proposal is an attempt to rebuild the labor union's actuation field, despite not being considered as a revolutionary potential.
doi:10.5585/cpg.v2n0.1747 fatcat:eazcucwwa5grtisraup6fnghtm