Filosofia e retórica em David Hume [thesis]

Dircilene da Mota Falcão
orientador, um agradecimento muito especial pelas discussões que nortearam e deram corpo a essa pesquisa. Agradeço especialmente pela paciência nos momentos mais tensos ao longo desse percurso, quando as questões ainda não eram muito claras e as possibilidades, muitas. Nunca esqueci, por exemplo, quando me advertiu que Hume era um autor cada vez mais difícil à medida que nos aprofundávamos no seu estudo, o que percebi ser verdade particularmente quando a possibilidade de destacar um único
more » ... o parecia, por vezes, impossível. Não era, mas essa descoberta demandou tempo e paciência. Só tenho a agradecer, portanto, pelo encorajamento constante e pela atenção e cuidado sempre demonstrados. Aos professores que participaram direta ou indiretamente da elaboração desse trabalho, em particular aos professores Maria das Graças de Souza e Fernão de Oliveira Salles, responsáveis pela avaliação do projeto no processo de qualificação, que funcionou como um decisivo e fundamental divisor de águas. Obrigada pelas preciosas lições que serviram de necessária correção de rota. Agradeço ainda aos professores Márcio Suzuki, Maria Isabel Limongi, Roberto Bolzani Filho, Marilena de Souza Chaui, Milton Meira do Nascimento, Eduardo Brandão, Lorenzo Mammì e Léon Kossovitch, que participaram de maneira determinante de minha formação em filosofia, provocando seguidas desconstrucões e abrindo caminho para vôos maiores. À minha família, em especial à minha mãe que, com um esforço sem limites, tornou realidade todas as conquistas possíveis... e as impossíveis também. Muito obrigada por tudo! Aos queridos sobrinhos Luana e Gabriel Falcão, cuja presença é sinônimo de alegria e aprendizado. Também a Genilza e Luiz Henrique Falcão, pelo apoio, por resignificar a palavra família, tão importante quando mais precisamos de suporte. A Franceli Jodas, pelo companheirismo e apoio incondicionais, fundamentais na construção e na transformação desse projeto em realidade. A Thiago Vilela, grande companheiro, que me resgatou por inúmeras vezes do claustro filosófico para dar boas risadas, ouvir boa música e provar boa comida. Obrigada pela companhia e pela amizade compartilhada ao longo de todo esse tempo. Aos colegas da filosofia, pelas animadas discussões ao longo dos corredores, muitas delas fornecedoras de farto material para esse trabalho. Obrigada pelos momentos de dúvida, hesitação, angústia, mas também de descobertas compartilhados, especialmente aos amigos Leonardo, Lucila, Fúlvio e Isacir. Aos bons amigos que fizeram minha vida mais feliz nesse período, pela presença e por me lembrar que nem só de filosofia vive atenção e cuidados dispensados sempre que necessário, muito obrigada. Finalmente, mas não menos importante, à CAPES/CNPQ pela inestimável ajuda na viabilização desse projeto. "Isto direi de modo breve: que não se podem encontrar palavras brilhantes se antes não se concebem e se expressam os pensamentos, nem algum pensamento pode ser elevado sem a luz das palavras". Cícero, De Oratore. Uma comparação atenta entre o Tratado da natureza humana, obra de estreia de David Hume, e as Investigação sobre o entendimento humano e Investigação sobre os princípios da moral nas quais a primeira obra foi reeditada, revela uma diferença considerável na escrita do filósofo. Provavelmente levado por uma profunda decepção com sua obra inicial, Hume as reescreve adotando mudanças estilísticas e no foco de suas discussões para torná-las mais próximas de suas convicções filosóficas. Como instrumento nesse processo, Hume se utiliza conscientemente da retórica, optando nas duas investigações, pela adoção de evidentes recursos retóricos que variam desde alterações no foco e no objetivo final dessas obras, até a opção por um discurso conciso em detrimento daquele difuso utilizado na escrita do Tratado. Tais mudanças obedecem a padrões estéticos bem definidos, porém fundamentalmente tentam aproximar a escrita humiana dos preceitos filosóficos básicos do autor, representados por conceitos como os de crença e de imaginação. Assim, utilizando-se da retórica como uma tentativa de respeitar os fundamentos de sua própria filosofia, Hume desenvolve o que poderíamos chamar de uma espécie de filosofia da escrita. Palavras-chave: Hume, retórica, filosofia moderna, filosofia, luzes britânicas. A close comparison between David Hume's first work A Treatise of Human Nature, and An Enquiry Concerning Human Understanding and An Enquiry Concerning the Principles of Morals, in which the first work was reedited, reveals a considerable difference on the writings of the philosopher. Most likelly taken by a deep deception upon his early work, Hume rewrites them adopting changes on his style and on the focus of his discussions in order to make them closer to his philosophical convictions. As a tool on this process, Hume makes a conscious use of rhetoric, chosing in his investigations to utilize evident rhetorical resources which vary from focus and final goal of these works, to the choice for a concise speech, over the diffuse one utilized on the writing of the Treatise. Such changes follow well defined aesthetic patterns, however they fundamentally try to approximate the humian writing to the author's basic philosophical precepts, represented by concepts such as creed and imagination. Thus, making use of rhetoric as an attempt to respect the fundamentals of his own philosophy, Hume develops what may be called a kind of philosophy of writing.
doi:10.11606/d.8.2014.tde-07042015-104136 fatcat:noa6oaacavbydmjr7ugmtzp4xy