Não é raro ouvirmos professores comentando sobre a dispersão e a falta de interesse manifestadas em sala de aula por seus alunos, sobre a concorrência desleal que sofrem das várias mídias -computadores, celulares, vídeo games, televisão -, sobre a velocidade com que as informações atravessam o dia-a-dia geralmente deixando um rastro de insatisfação pelo descompasso entre a quantidade de dados a serem apropriados e o tempo disponível para isso. Ao mesmo tempo em que uma avalanche de informações

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... hega por vários meios, menor parece ser a capacidade que temos de retê-las e convertê-las em conhecimentos significativos e disponíveis para mediar novas aquisições cognitivas. Paradoxalmente, tão lugar-comum quanto ouvir que vivemos em uma sociedade cuja centralidade está no domínio do conhecimento, numa sociedade na qual coabitam múltiplas formas de representação simbólica da realidade, é defrontar-se com a denúncia segundo a qual os sistemas educativos estão em crise e devem urgentemente explicar as não-aprendizagens acumuladas pelos egressos dos processos de escolarização. Essa situação é vivida diretamente pelo professor ao observar as crianças ou os jovens com os quais trabalha na escola e o descompasso entre a quantidade de conhecimentos possíveis e o desempenho desses sujeitos no que tange à apropriação dos conhecimentos curriculares. A intranqüilidade gerada por esse quadro faz com que muitos professores busquem compreender tal fenômeno deslocando de um lugar para outro a responsabilidade pelo fracasso que assola a escola, ele próprio e o estudante. Por vezes, o culpado é o contexto capitalista, que cria necessidades em descompasso com as possibilidades que as pessoas e as instituições têm * Doutora em Educação, professora-pesquisadora do Curso de Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo -RS.