Os dados bibliográficos que fundamentam esta análise baseiam-se na pesquisa de Diane E. Marting l . Pela qualidade e pela extensão, o trabalho merece elogios e o reconhecimento por parte daqueles que, como eu, podem agora utilizar-se desta rica fonte bibliográfica sobre a obra e a critica de Clarice Lispector. Além da bibliografia, fundamentam nossa análise algumas noções de base da Estética da Recepção. Em português, o termo "recepção" tem sentidos variados. Basicamente é usado para o ato ou

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... eito de receber, como receber uma carta, receber pessoas, receber convidados em casa. No caso da Estética da Recepção, o termo vem do alemão, onde possui uma conotação que não tem em português nem em francês: a de apropriar-se. Logo, a recepção proposta pela Escola de Constança, na Alemanha, nada tem de passiva, ao contrário, supõe um ato que deve ir até a aprovação, ou seja, é preciso que os leitores acolham as obras literárias, deixem-se tocar pelo prazer estético que elas proporcionam, emitam julgamentos a respeito. Visando determinar as relações entre o texto e a leitura que se faz dele, a Estética da Recepção recorreu a vários conceitos da hermenêutica de Gadamer adequando-os aos estudos literários. Assim, incorporou a noção de "horizonte de expectativa" para indicar o sistema de normas e de atitudes que caracterizam o leitor e a obra num momento histórico preciso. Analisando e comparando os horizontes de expectativa do público e da obra, o pesquisador identifica a "distância estética" entre um e outro. Segundo Hans-Robert Jauss2 se esta distância é acentuada demais, a obra não é compreendida e corre o risco de ser rejeitada pelo leitor. Pode ainda ocorrer que a obra não seja aceita num determinado momento, mas venha a ser reabilitada mais tarde, porque a evolução das demais obras Anuário de Literatura 3, 1995, pp. 109-125 ctos da Recepção de Clarice Lispector...