1 1 RESUMO Dentro do campo de conhecimento que articula os termos SAÚDE e SOCIEDADE, atualmente concentrado na área de Saúde Coletiva,levanta-se neste trabalho oproblema da construçãodos saberes/ciência utilizados para a realização das práticas/artes da cura. O trabalho tem por objetivo compreender a emergência dos valores das relações entre a medicina lato sensu (ciência e arte) e a sociedade (espaço de reprodução e transformação da vidasocietária),presentes nas condições sócio-históricas

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... dução desse conhecimento científico. O estudofoi realizado através de análise bibliográfica voltada à história e à evolução do saber e da prática médicos, por um lado; do desenvolvimento societário, por outro, bem como de bibliografia, que já procura entender a articulação entre ambos. Dessa forma, discute-se a não neutralidade desse saber e dessas práticasfrente à organização da sociedade, na busca de uma cumplicidade ético-política. Unitermps: história da medicina, sociologia médica, saúde pública. INTRODUÇÃO Primeiramente, vale salientar que o termo "medicina" será aqui utilizado no seu sentido mais amplo: como todo e qualquer conjunto de práticas, relações e técnicas, cuja preocupação manifesta é a diminuição do sofrimento de pessoas. Como conseqüência, "medicin a" ou "práticas médicas", quando mencionadas neste trabalho, não estarão fazendo referência a categorias profissionais específicas (especialidades médicas), mas a qualquer das áreas que se ocupe com a problemática do "sofrimento" de pessoas. Assim, uma questão que muitas vezes assalta o nosso cotidiano: "O que tem a ver a atuação profissional com os percalços da estrutura social?" pode ser inicialmente enfrentada com uma outra: A atenção à doença, ou seja, a medicina enquanto ciência e arte da cura, como uma ativi-dade que se realiza através da aplicação de um saber/ciência, da forma como a aprendemos, é única, a despeito do tempo, da história e da sociedade?E os saberes que a fundamentam? O esforço para a compreensão/ciênciadestas questões,no sentido de sustentarproposições/práticasque estejam decisi-* Professora Titular do Depanamento de Medicina Social e Preventiva da FCM-PUCCAMP. vamente comprometidas com o resgate da saúde, enquanto componente inextricável da felicidade e da dignidade do HOMEM-ser social, é um objeto privilegiado para a Saúde Coletiva. Sendo esta uma área de reflexão/ação ocupada com as questões que permeiam as relações entre a Saúde e a Sociedade, coloca em confronto imediato duas área temáti-cas muitas vezes imiscíveis: de um lado, a Saúde e, de outro, o Social. Tais áreas têm se apresentado no interior de campos diferenciados e analisados a partir de enfoques estrutural-mente diversos. A saúde apresenta-se mais comumente num estatuto negativo, ou seja, a partir da ausência da doença, que em geral vem referida ao campo biológico de análise, tradicio-nalmente positiva e reduzida ao âmbito' nuclear do indivÍ-du09. A outra área, a dos movimentos no interior da sociedade, diretamente percebida como parte do campo do Social, traz em si um conceito desde logo dinâmico. Suas perspectivas de análise abrem-se aos diversos referenciais dos quais se utilizam tradicionalmente as Ciências Sociais. Referenciais expostos como neutros ou manifestamente comprometidos em relação ao poder, eles atualmente têm necessitado de ; , Revista de Ciências Médicas-PUCCAMP, Campinas, 1 (2): 58-62, maio/agosto t 992 ,