O Capitalista e o Empreendedor:

Yasmmin Cortes Martins
2016 Mises  
A história da moderna Teoria da Firma acompanha a evolução das ideias na teoria econômica. No que diz respeito à economia clássica, já em Adam Smith (1723-1790) podemos encontrar algumas reflexões relacionadas à maior eficiência das manufaturas no processo produtivo, em comparação com os agentes econômicos individuais. Para o economista escocês, essa vantagem na eficiência se devia à divisão do trabalho, que seria melhor coordenada pelas manufaturas do que pelos indivíduos. Na elaboração dos
more » ... balhos que fundaram e embasaram a economia neoclássica, o economista inglês Alfred Marshall (1842-1924) dedicou atenção considerável ao tema da firma, explorando a relação entre as firmas e a atividade empresarial no mercado. Dessa maneira, Marshall se debruçou sobre o papel da firma no funcionamento do sistema capitalista 1 . Uma de suas ideias centrais é a de firma representativa, construção analítica que desenvolveu para explicar como a lei dos rendimentos crescentes e a lei dos rendimentos decrescentes impactariam sobre a firma 2 . Além disso, Marshall considerava que as firmas não seriam apenas acumuladoras de capital; a firma capitalista marshalliana acumula "capacitações, conhecimento, desenvolve sua organização interna (incluindo hierarquia 1 KERSTENETZKY, Jaques. e relações com os trabalhadores), estabelece e amplia sua clientela" 3 . Mais um passo importante no desenvolvimento da moderna Teoria da Firma foi dado pelo economista britânico Ronald Harry Coase (1910-2013 em seu célebre artigo de 1937, "The Nature of the Firm" 4 . Para Coase, a principal questão era: por que firmas existem? Para responder a essa pergunta, Coase observa que operar no mercado envolve custos de transação e as firmas surgiriam, portanto, com o propósito de operacionalizar e minimizar tais custos. No decorrer de suas investigações, Coase desenvolveu uma perspectiva institucional que contempla tanto a firma quanto o mercado como instituições que participam do processo de coordenação da atividade econômica. Dessa maneira, parte da produção seria realizada por instituições hierárquicas, as firmas, enquanto o restante resultaria da coordenação espontânea proporcionada pelo sistema de preços. Complementando e desenvolvendo a abordagem de Coase, o economista norte--americano Oliver Eaton Williamson também contesta a concepção da firma como uma caixa preta que recebe inputs e devolve outputs. Williamson explicitamente enfatiza a necessidade de estudar a organização interna das firmas: 3 KERSTENETZKY.
doi:10.30800/mises.2016.v4.851 fatcat:pkbodaz47nagnckre4epshgqpy