Vozes da Mata o movimento social quilombola nas memórias de mulheres do Rio Andirá(2005-2018)

João Marinho da Rocha
2020 Revista Canoa do Tempo  
Resumo Este texto aborda o movimento social quilombola do Rio Andirá (2005)(2006)(2007)(2008)(2009)(2010)(2011)(2012)(2013)(2014)(2015)(2016)(2017)(2018), a partir das memórias de mulheres que estiveram envolvidas no processo de luta. Situamos nossa narrativa no campo da história social do pós-abolição e nos diálogos interdisciplinares entre história e ciências sociais, a partir de perspectivas metodológicas como história oral. Essa emergência étnica da história do tempo presente, implica,
more » ... que nos convidam a (re)pensar os modelos teórico-metodológicos que explicam as presenças negras na Amazônia. Abstract This text addresses the quilombola social movement of the Andirá River (2005)(2006)(2007)(2008)(2009)(2010)(2011)(2012)(2013)(2014)(2015)(2016)(2017)(2018), from the memory of women who were involved in the fighting process. We situate our narrative in the field of post-abolition social history and in interdisciplinary dialogues between history and social sciences, based on methodological perspectives such as oral history. This ethnic emergence of the history of the present time implies actions that invite us to (re)think of the theoretical-methodological models that explain the black presences in the Amazon. Revista do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Amazonas Volume 11, número 2, out./dez. 2019. Revista do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Amazonas Volume 11, número 2, out./dez. 2019. 147 na forja da história colonial, marginalizados e esquecidos na construção da nação e ressurgidos no contexto multiculturalista do final do século XX. Apresentando-se enorme desafio para historiadores, antropólogos e cientistas sociais engajados em torno da questão 7 . Compondo o cenário de possibilidades de busca por acessar direitos e (re)afirmação da identidade étnico-racial no Brasil. Nos primeiros anos de implementação da Constituição Federal de 1988 os "quilombolas" colocaram as suas pautas de reivindicações, em meio a um ambiente de forte efervescência política e mobilização social. No início da década de 90 foram as chamadas "quebradeiras de coco babaçu" e os "quilombolas" que se colocaram na cena política constituída, consolidaram seus movimentos e articularam estratégias de defesa de seus territórios, juntamente com outros povos e comunidades tradicionais. Dentre os quais, estavam os "castanheiros" e os "ribeirinhos" [...]. Além destes, começaram a se consolidar no último lustro, as denominadas "comunidades de fundos de pasto" e dos "faxinais". Estes movimentos, tomados em seu conjunto, reivindicam o reconhecimento jurídico-formal de suas formas tradicionais de ocupação e uso dos recursos naturais 8 . Passam a se articular em torno de elementos que os unisse na busca de acessar seus direitos. Para isso acionam os mais variados elementos e entidades externas. Essa questão legal se consolidou quando o decreto nº 4.887, de 20/11/2003, em conexão com a convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho-OIT, regulamentou que a caracterização dos remanescentes das comunidades dos quilombos, atestada mediante auto identificação da própria comunidade. Tais comunidades, por sua vez, passaram a ser compreendidas também como grupos étnicos-raciais, segundo critérios de auto atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência a opressão histórica sofrida 9 . As emergências quilombolas devem ser compreendido como sujeitos emergidos com os novos movimentos sociais no Brasil, dentre os quais, o movimento negro Unificado, com suas demandas contra o racismo e os preconceitos, dentre elas, as demandas das comunidades negras rurais por direitos 10 .
doi:10.38047/rct.v11i2.6665 fatcat:jbalryrekvfsplsa3ckkf2jkuy