O maior empresário que o Brasil já teve
Fábio Luiz Mariotto
2005
RAE: Revista de Administração de Empresas
Talvez a maior contribuição deste sexto livro de Ronaldo Costa Couto seja resgatar a memória do imigrante italiano Francesco Matarazzo, pioneiro da industrialização brasileira, que se tornou o maior empresário do Brasil de todos os tempos ao criar o mais vasto complexo industrial da América do Sul. Nem o visconde de Mauá construiu algo comparável. A lembrança de Matarazzo vem se esvaecendo nas últimas décadas, em grande parte devido ao declínio e à quase extinção do gigantesco grupo econômico
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... e criou, de modo que a evocação que este livro faz é bem-vinda e merecida. Esta é a mais recente e abrangente biografia de Matarazzo. Há pelo menos três outras biografias dele em forma de livro, dos autores Vincenzo Blancato (1925), José de Souza Martins (1974) e Giovanni Titta Rosa (1994). Nenhu-ma delas é tão abrangente quanto esta, de Costa Couto. O livro conta a saga de Matarazzo e da sua família. Em 1881, com 27 anos, Francesco partiu de Castellabate -cidadezinha medieval 120 quilômetros a sudeste de Nápoles -, com mulher e dois filhos pequenos, com destino ao Brasil. Era de origem burguesa, com antepassados fidalgos, e tinha instrução formal, mas a família na Itália estava empobrecida e ele chegou ao Brasil com muito pouco dinheiro. Começa operando como mascate na região de Sorocaba, SP, conduzindo uma tropa de mulas carregadas de mercadorias que vende no varejo. Poucos meses após sua chegada, ele abre um pequeno armazém de secos e molhados. Já no fim de 1882 começa a fabricar em casa banha de porco, sendo que até então a maior parte da banha consumida no país era importada dos Estados Unidos. No ano seguinte começa a operar uma pequena fábrica de banha. Com esse início modesto, o jovem imigrante parte para uma trajetória fulgurante, que vai torná-lo o maior empresário que o país já teve e um dos homens mais ricos do mundo na sua época. Em 1917, é agraciado pelo rei da Itália, Vittorio Emanuele III, com o título de conde, em reconhecimento por contribuições filantrópicas feitas por Matarazzo naquele país. O livro é de leitura prazerosa e envolvente, e suas 654 páginas de texto, em dois volumes, podem ser percorridas sem esforço. Certamente visando um público de leitores amplo, Couto evitou compor o texto em estilo acadêmico, preferindo usar uma linguagem coloquial, mais próxima da MATARAZZO
doi:10.1590/s0034-75902005000300008
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