Francisco Louçã e José Castro Caldas, Economia(s), Porto, Afrontamento, 2009

FERNANDO BESSA RIBEIRO
2010 Configurações  
O título do livro diz-nos mais do que poderíamos à partida augurar: economia(s) e não economia. Francisco Louçã e José Castro Caldas procuram mostrar ao longo da obra que não há uma economia, mas sim muitas economias, muitas teorias, muitas soluções, não raro opostas e concorrentes. A economia não é, simplesmente, uma ciência fundada sobre princípios objectivos, isenta de valores e indiferente às opções políticas e à acção colectiva organizada, como defendem os economistas do campo positivista
more » ... veja-se, por exemplo, o interessante texto sobre o assunto na p. 31). Economia implica escolhas; escolhas resultam sempre das lutas políticas e sociais, das respostas que em cada momento histórico as sociedades encontram para os seus problemas económicos. Neste sentido, este livro desconstrói com perícia as ideias defendidas pelos economistas neoliberais -fundadas naquilo que se pode designar como um senso comum económico e, logo, social e político -, que prescrevem o mercado como o regime natural de organização da economia e o pretenso egoísmo da acção individual como fazendo parte da nossa herança genética. Revelando uma abertura teórica e epistemológica pouco frequente neste campo académico e científico, a discussão empreendida por Francisco Louçã e Júlio Castro Caldas é apoiada pelo recurso sistemático à sociologia, à antropologia social, à história e à psicologia, expondo desta forma as dimensões social e política da economia e a sua inscrição funda no campo das ciências sociais. Como referem Francisco Louçã e José Castro Caldas na introdução, o livro: recusa uma visão monolítica da economia que a apresenta como o estudo de uma ciência irrefutável acerca da economia do mercado. Pelo contrário, nele
doi:10.4000/configuracoes.257 fatcat:mtmdftya4jajtinypjehqy2joy