REFERENCIAÇÃO-UMA ENTREVISTA COM MÔNICA MAGALHÃES CAVALCANTE

Mônica Cavalcante
2015 Mônica Magalhães. Referenciação: uma entrevista com Mônica Magalhães Cavalcante. ReVEL   unpublished
REVEL-A temática da referência, inicialmente, era uma preocupação da Filosofia. Em que medida os estudos linguísticos redirecionaram a compreensão sobre esse fenômeno e quais momentos desse percurso a senhora destacaria? MÔNICA-Do pouco que conheço dos estudos filosóficos, posso dizer que a preocupação da Filosofia da Linguagem era, na verdade, não com os sentidos originados das relações entre referentes, mas com o modo como a linguagem dizia a realidade. A diferença entre os dois grandes
more » ... gmas filosóficos que se ativeram às ligações de dependência, ou não, entre linguagem e mundo-essencialismo e relativismo-residia no caráter puramente representacional ou não que se atribuía à linguagem. Para as correntes mais representacionistas, fundadas no essencialismo de Platão e Aristóteles, a linguagem expressava a realidade. Na tese platônica, as palavras teriam o poder de representar a realidade essencial (autônoma) das coisas. Na tese aristotélica, o pensamento (a alma) intervinha nessa relação: as coisas do mundo afetavam o pensamento de maneira semelhante para todos os seres humanos, e a linguagem expressava o pensamento. Por outro lado, para as correntes mais antirrepresentacionistas, seguidoras de posturas mais plásticas, mais relativas, tal como a dos sofistas, a linguagem participava da própria construção da realidade, e, portanto, não lhe cabia a mera função de etiquetagem das coisas do mundo. A 1 Professora da Universidade Federal do Ceará, pesquisadora na área da Linguística do Texto com ênfase em Referenciação.
fatcat:4iwyje2bo5ed5aal36hgg2o7l4