Miocardiopatia hipertrófica. Papel da ecocardiografia doppler no diagnóstico e na orientação terapêutica

Airton José Hoss, Carlos Henrique Purper Petterson, Leonora Scherer
1998 Arquivos Brasileiros de Cardiologia  
A miocardiopatia hipertrófica (MH) caracteriza-se por apresentar hipertrofia simétrica ou assimétrica do miocárdio ventricular, geralmente com predomínio no septo interventricular (SIV), com ou sem obstrução dinâmica de via de saída 1-3 . A cavidade ventricular costuma ser de tamanho normal ou reduzida e apresenta disfunção diastólica resultante, principalmente, de déficit do relaxamento ventricular, mas também devido ao aumento da rigidez intrínseca da parede e da redução da câmara ventricular
more » ... 4,5 . A função contrátil costuma ser normal ou hiperdinâmica. A MH pode se apresentar desde uma forma assintomática até situações de insuficiência cardíaca avançada ou de morte súbita, muitas vezes, sem nenhuma sintomatologia prévia, tornando o seu diagnóstico precoce difícil, porém, imprescindível em alguns casos 6 . A ecocardiografia é o exame mais empregado atualmente na avaliação da MH. Tem sido empregada tanto na investigação de casos suspeitos quanto para screening de parentes de pacientes com a doença. Através da ecocardiografia é possível avaliar os aspectos morfológicos, funcionais e hemodinâmicos da MH 7 . A participação do ecocardiograma no estudo das miocardiopatias (MC) é cada vez mais decisiva em sua caracterização e no esclarecimento dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos, com importantes implicações terapêuticas e prognósticas sendo, atualmente, o método de maior aplicabilidade nas várias formas de MC. Apesar do ecocardiograma ter alta sensibilidade para detectar a MC, tal constatação não é, em muitos casos, específica para este diagnóstico. Na prática, o diagnóstico de MC é realizado após a exclusão de todas as demais doenças cardiovasculares, que podem provocar dano miocárdico secundário, contudo, deve ser lembrado que essas doenças podem coexistir com uma MC. Distribuição da hipertrofia -Recentemente, Klues e col 15 estudaram, ecocardiograficamente, 600 pacientes com MH. Nesse estudo, a espessura de parede variou de 15 a 52mm (média 22), sendo >30mm em 11% e <20mm em 45%. Em relação à distribuição da hipertrofia, o SIV anterior esteve hipertrofiado em 96% dos pacientes; menos comumente esteve envolvido o SIV posterior (66%), a parede lateral livre do VE (42%) e a parede posterior livre do VE (18%). Além disto, em 83% dos pacientes, o SIV anterior foi a região predominante da hipertrofia, seguido do SIV posterior (10%), parede lateral (4%) e parede posterior (2%). Em 28%
doi:10.1590/s0066-782x1998000400012 pmid:9687633 fatcat:whagm4q6gbaxxjuxv4kbsef3b4