A participação da mulher na sociedade: o feminino como crítica civilizatória
Maria Craveiro Costa
unpublished
Resumo: O artigo começa por evocar alguns re-cortes de nossa história social que indicam como vêm sendo produzidas as subjetividades masculi-na e feminina. Aponta alguns avanços e limites do movimento feminista, indicando que o feminino da igualdade se vem transmutando no feminino da diferença. Esse feminino, que propõe a diferença sem hierarquias, se coloca como possibilidade de mudança civilizatória, delineando a emergência de um novo projeto social comprometido com a ex-pansão da vida e a
more »
... strução da cidadania. Palavras-chave: 1. gênero, 2. feminismo, 3. mu-dança civilizatória. Abstract: The essay starts by evoking some parts of our social history that indicate how masculine and feminine subjectivities are being produced. It indicates both progress and limitations of the feminist moviment showing that egalitarian feminism is changing into the feminism of difference. The latter, which proposes a difference without hierarchies, is a possibility of civilizatory change, outlining the emergence of a new social ____________________ 1 Professora-Assistente do Departamento de Psicologia da UNICAP project engaged with the expansion of life and the construction of citizenship. P ara refletir sobre um feminino emergente que se coloca como crítica civilizatória, idéia proposta por Oliveira (1992), em lugar da definição de sexo, que implica variáveis de ordem eminentemente biológica, utilizarei o conceito de gênero, que indica as influências culturais sobre a subjetividade. Partirei do pressuposto de que ocor-re, efetivamente, uma produção social da nossa subjetividade. Assim, nosso comportamento, nos-so jeito de ser, de sentir, de nos expressarmos só podem ser compreendidos, de fato, a partir de uma leitura de nossas condições concretas de existên-cia. Feitas essas considerações, iniciarei, então, por evocar alguns recortes de nossa história social que nos indicam como vêm sendo produzidas as subjetividades feminina e masculina. Ao longo do tempo, homens e mulheres foram segregados em territórios físicos e psíquicos separados, assimétricos e complementares: ao ho-mem, o espaço público, a luta pela sobrevivência fora do âmbito do lar, a participação ativa nas mudanças sociais e o controle sobre os processos de produção e reprodução; à mulher, o espaço pri-vado, ficando ela, portanto, à margem desses pro-cessos, à espera de que o homem se ocupe de sua sobrevivência e da dos filhos. Para que essa separação fosse mantida, cuidou-se, desde muito cedo, de modelar as crian-ças nas características consideradas normais para cada sexo: da mulher se espera passividade, de
fatcat:ymk2zw6ugbbmzjm5yjdvvqwcqq