A indexação da ABCD no Pubmed e a cirurgia da hipertensão portal esquistossomótica no Brasil

Fabio Gonçalves Ferreira, João Evangelista Neto
2013 ABCD: Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva  
ABCDDV/966 gástrica esquerda e simpatectomia periarterial da artéria hepática 2 . Esta foi a operação de eleição para o esquistossomótico com episódio de sangramento varicoso sendo padronizada por De Capua Jr. 3 em 1991 com a descrição da técnica da desconexão ázigoportal com esplenectomia (DAPE), utilizada até hoje em nosso serviço. Esta operação tem proporcionado bons resultados clínicos no tratamento da hemorragia digestiva, apresentando vantagens como corrigir o hiperesplenismo, ser de
more » ... exequibilidade, ter menor morbidade e não apresentar encefalopatia no pósoperatório 4 . Desde então tem nos interessado o estudo de vários aspectos que envolvem esta operação, com 456 casos operados por nosso grupo até o momento, resultando em alguns trabalhos. Szutan 5 analisou 68 doentes submetidos à DAPE no sentido de avaliar o valor dela no tratamento da hemorragia digestiva alta na hipertensão porta esquistossomótica. Mostrou que houve redução significativa do número e calibre das varizes esofágicas no pós-operatório, redução do calibre da veia porta, ausência de encefalopatia portosistêmica e recidiva hemorrágica em 11,4% dos doentes. Assef preocupou-se com a recidiva hemorrágica após este procedimento e como ela deveria ser conduzida, procurando padronizar o seu tratamento em doentes com hipertensão portal esquistossomótica. Analisou 45 doentes previamente operados por hemorragia varicosa que apresentaram recidiva de sangramento -19 apenas esplenectomizados e 26 esplenectomizados com alguma forma de desvascularização gastroesofágica associada. Mostrou que o programa de escleroterapia ambulatorial foi efetivo no tratamento da recidiva em doentes com esplenectomia e desvascularização prévias 4 . Carvalho 6 estudou a evolução do fluxo portal e da função hepática antes e depois da DAPE. Observou que a operação determina queda do fluxo venoso portal, não acarretando deterioração da função hepática. Santos 7 avaliou a trombose portal no pósoperatório, objetivando analisar a incidência, fatores de risco, evolução clínica e ultrassonográfica dos esquistossomóticos submetidos à DAPE que evoluíram com trombose da veia porta. Em seu estudo com 120 doentes observou 50% de trombose portal no pós-operatório, porém apenas 38% apresentaram É com muita satisfação e orgulho que recebo a notícia da indexação dos Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva -ABCD no Pubmed. Gostaria de parabenizar o corpo editorial pela conquista, além de festejar o importante avanço para a pesquisa brasileira, já que logo teremos mais uma revista com fator de impacto para publicações de pesquisadores nacionais, visto que está cada vez mais difícil conseguirse publicações em revistas bem pontuadas pela CAPES. E este tipo de cobrança cada vez maior poderá até se justificar se mais revistas nacionais atinjam o mesmo êxito do ABCD. Sabe-se que a partir do fim da década de 90 a CAPES priorizou a pesquisa, direcionando a pós-graduação para "linhas de pesquisa", tornando-as a própria essência da área de concentração. A partir de então, a avaliação intelectual passou a ser baseada quase inteiramente em publicações em periódicos de difícil acesso ao pesquisador clínico. Portanto, tal conquista é um incentivo para todos, mas principalmente para os docentes e cursos de pós-graduação em nosso país. Gostaria de comentar, neste mesmo assunto, o artigo publicado nesta revista (Vol. 25 -nᵒ 1 ∕ 2012. p 41-8.) de autoria do Dr. João Evangelista-Neto. Além de me interessar muito pelo tema e ter achado o artigo muito interessante, sem nenhum reparo metodológico, fiquei curioso e me perguntando como foi feita a revisão bibliográfica para este artigo. O tratamento cirúrgico da hipertensão porta, durante o século XX, conviveu com avanços e retrocessos. Poucas operações mereceram tanta atenção e suscitaram tantas dúvidas. Há muito tempo buscase o método terapêutico ideal para o controle desta síndrome em cada uma das suas causas. As principais complicações dos métodos operatórios são a recidiva hemorrágica -pois nenhum deles a elimina, já que a hepatopatia não é corrigida -, e a encefalopatia pósoperatória presente nas operações descompressivas 1 . O procedimento cirúrgico ideal deveria descomprimir adequadamente o sistema portal e preservar a perfusão venosa hepática, não prejudicando assim a função hepatocelular. Em nosso hospital, no final dos anos 50, Degni e Lemos Torres (publicação de 1963) propuseram a desvascularização do esôfago abdominal e da metade proximal do estômago, esplenectomia, gastrotomia para a ligadura das varizes gástricas, ligadura da artéria ABCD Arq Bras Cir Dig 2013;26(3):248-251
doi:10.1590/s0102-67202013000300020 pmid:24190389 fatcat:gnmlokijzbfn5gnnjlr7mrihze