Recensão de Augusto Castilho e a revolta da Marinha Brasileira em 1893-1894: o conflito entre princípios humanitários, rigor militar, acção política e diplomacia

Duarte Maria Monteiro de Babo Marinho
2019 História - Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto  
FREIRE, João (2018), Augusto Castilho e a revolta da Marinha Brasileira em 1893-1894: o conflito entre princípios humanitários, rigor militar, acção política e diplomacia, Lisboa, Academia de Marinha, 2018. ISBN 978-972-781-140-3, 159 pp. João Freire, professor catedrático e emérito de Sociologia, tem publicado nos últimos anos alguns trabalhos relacionados com Ciência Política e História Contemporânea. Em resultado desse alargamento de perspetivas de estudo, publicou, em 2018, um livro que se
more » ... evela fundamental para a releitura historiográfica do corte de relações diplomáticas entre Portugal e Brasil, em finais do século XIX. Essa releitura também se estendeu à atuação de Augusto de Castilho, enquanto comandante da frota portuguesa fundeada em Guanabara (Brasil), salientando uma questão que envolve o conflito entre princípios humanitários, rigor militar, acção política e diplomacia. Assim, servindo-se de alguma documentação inédita -à guarda da Biblioteca Central da Marinha/Arquivo Histórico-, João Freire apresenta um novo enfoque à historicidade de um tema relativamente trabalhado, nomeadamente nas suas dimensões político-diplomáticas. Por conseguinte, de forma a transcrever as suas reflexões empiricamente sustentadas, o Autor coloca à nossa disposição um livro dividido em sete capítulos, antecedidos por uma breve apresentação, onde expõe algumas das suas motivações e objetivos (embora não o faça de forma evidente), e precedidos por uma longa nota conclusiva. No seu todo, observamos que as suas exposições são cuidadas, para assim tornar inteligível os factos, os contornos e as incidências que motivaram o Brasil a quebrar o relacionamento diplomático com Portugal. De facto, na base do estopim encontra-se a concessão de asilo a insurgentes brasileiros a bordo de corvetas portuguesas e a recusa do Governo de Hintze Ribeiro em entregá-los à justiça brasileira. Com efeito, o Brasil encarou a atitude das autoridades militares e civis portuguesas como um abuso do Direito de Asilo e uma «ofensa à soberania nacional» (p. 114). O primeiro capítulo, eminentemente biográfico, traça o perfil de Augusto de Castilho até 1893, ano em que foi destacado para comandar os navios portugueses ao largo de Guanabara. Aqui são tratadas, entre outros assuntos, as comissões navais e os vários ofícios administrativos-militares que o biografado desempenhou, tanto na
doi:10.21747/0871164x/hist9_2r2 fatcat:ilu3rekjrvel3dhsjxquaahwf4