A caracterização da pobreza urbana ao longo do tempo: aplicação do modelo idade-período-coorte na estimação das tendências de privações crônica e transitória no Brasil

Rafael Perez Ribas
2007 Revista Brasileira de Estudos de População  
e dos pareceristas anônimos. Apesar disso, permaneço como o único responsável por eventuais erros e omissões. Ao longo das últimas décadas, a pobreza no Brasil vem mudando seu perfil, devido, em parte, a alterações no padrão de reprodução e mortalidade da população. Da mesma forma, os desenhos de políticas sociais, especialmente de combate à pobreza, tomaram outros rumos. Nesse aspecto, a pertinência desses novos desenhos depende da natureza da condição de baixa renda, podendo ser entendida
more » ... um fenômeno permanente ou temporário e, principalmente, da tendência de mudanças nessa composição transitória-crônica (T-C). O objetivo deste trabalho é justamente analisar essa tendência, assim como o processo de incidência da pobreza urbana, em termos de mudanças ao longo do tempo e de gerações de indivíduos, projetando medidas futuras de privação na renda. Para tanto, é utilizado um modelo de idade-período-coorte (IPC) sobre a pobreza, absoluta e relativa, observada nas PNADs entre 1995 e 2003, e sobre sua composição T-C estimada. Os resultados apontam que o efeito coorte é mais expressivo do que o de período sobre a redução da pobreza recentemente, em especial de seu componente crônico. Já o componente transitório apresenta tendência de aumento ao longo do tempo. Palavras-chave: Pobreza crônica e transitória. Modelo idade-período-coorte (IPC). Projeção de pobreza. Introdução O perfil da pobreza no Brasil passou por diversas mudanças nos últimos 30 anos (ROCHA, 2003) . Parte dessa reconfiguração da população de baixa renda está relacionada a mudanças ocorridas na composição das famílias brasileiras nas últimas duas décadas, que, segundo Medeiros e Osório (2002), provêm da alteração nos padrões de reprodução, mortalidade e estado conjugal. Juntamente com essas mudanças, o desenho de políticas sociais no Brasil acaba seguindo novos rumos, principalmente nos últimos dez anos (ARBACHE, 2003) . Segundo Villalobos (2000) , as políticas sociais necessariamente tornam-se mais complexas ao longo do tempo, sendo necessário adaptá-las e ajustá-las dentro da tarefa de modernização do Estado. O tratamento homogêneo e padronizado dos problemas sociais, sem atenção especial desde o diagnóstico, em relação ao grupo específico atingido ou à situação que se quer enfrentar, acaba por gerar crises na eficiência e eficá-
doi:10.1590/s0102-30982007000100009 fatcat:qmoo3z6r6jbcpkhg76fjncotle