I Encontro Territorial de Agroecologia no Extremo Sul da Bahia

Paulo Rogério Lopes
2019 Revista Fitos  
O I Encontro Territorial de Agroecologia (I ETA) realizado no Instituto Federal Baiano de Educação, Ciência e Tecnologia (IFBaiano), nos dias 13 e 14 de junho de 2018, em Teixeira de Freitas/Ba, teve como objetivo proporcionar a troca de experiências populares, científicas, saberes, sabores, tecnologias sociais, métodos e estratégias de construção de territórios sustentáveis que atendam às demandas dos povos originários locais, camponeses, quilombolas, assentados e assentadas da reforma
more » ... ribeirinhos, movimentos sociais do campo dos municípios da região Extremo Sul da Bahia. O I ETA foi um espaço de vivências, socialização, valorização e construção do conhecimento agroecológico, além de corroborar com uma análise da conjuntura política atual, das principais demandas dos povos das águas, das florestas, dos campos e das cidades, e das políticas públicas existentes e inexistentes, apontadas como essenciais à transição agroecológica para sociedades sustentáveis. O encontro proporcionou a participação de cerca de 600 pessoas, principalmente de agricultores, acampados e assentados da reforma agrária, indígenas, quilombolas, permacultores, raízeiras, educadores, estudantes, pesquisadores, professores e técnicos, oriundos de mais de 15 organizações, movimentos e instituições. Contou, ainda, com a participação de representantes de 4 Núcleos de Estudos em Agroecologia: Nea Extremo Sul (Prado e Teixeira de Freitas/Ba), Nacepteca Esalq/Usp (Piracicaba/SP), Nea Pau Brasil (Porto Seguro) e Nea Apete Capuã (Sorocaba/SP).O planejamento e construção do I ETA se deu a partir de um coletivo representado pela Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto (EPAAEB), Nea Extremo Sul, Projeto Assentamentos Agroecológicos (MST e Nacepteca-ESALQ/USP), Programa Arboretum, UNEB, UFSB, Terra Viva e IFBaiano. Os encontros quinzenais, as articulações, os grupos de trabalho do I ETA e a interação permanente, além da organização do próprio evento, propiciaram muitas trocas, diálogos, aproximações e parcerias. Ressaltou-se a importância da Escola Popular EPAAEB e do Nea Extremo Sul, que tiveram participações estruturantes no processo de articulação local para construção do I ETA. A EPAAEB, sede das reuniões e preparação do I ETA, apesar de relativamente nova, já está sendo um importante centro irradiador da Agroecologia na região nordestina, oferece cursos formais e informais voltados à educação do campo e Agroecologia, contribuindo de maneira direta no método de construção de assentamentos agroecológicos, agroflorestas e outros arranjos produtivos agroecológicos, elaboração e multiplicação de tecnologias sociais voltadas à agricultura familiar camponesa e na formulação das políticas públicas municipais e estaduais.O I ETA teve como tema gerador a integração de experiências agroecológicos do Extremo Sul da Bahia, com o intuito de proporcionar vivências, trocas, formação, intercâmbios, articulações e parcerias locais que pudessem colaborar com a promoção da Agroecologia enquanto ciência, prática e movimento. Dentre as principais atividades propostas e realizadas durante o encontro tivemos uma mesa redonda com a participação de diversos movimentos sociais da região, com participação especial de representantes da direção nacional do Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); diversos mini cursos e oficinas práticas voltadas ao manejo de sistemas produtivos agroecológicos, comercialização de alimentos agroecológicos e geração de renda, plantas medicinais, mulheres e Agroecologia, gênero e Agroecologia, Educação do Campo, sistematização de experiências agroecológicas, método de construção e planejamento de assentamentos rurais com bases agroecológicas, etc.; apresentação de experiências cientificas e populares utilizando o método inovador e popular das instalações artístico pedagógicas; palestras e diálogo em plenária com a participação da professora Irene Cardoso abordando a importância dos núcleos de Agroecologia na construção de territórios sustentáveis; feira de alimentos agroecológicos e artesanatos locais, música popular camponesa e alimentação agroecológica em abundância.Os trabalhos científicos e populares aprovados foram apresentados na forma oral, tendo 20 minutos para a apresentação. No entanto, a maioria dos autores preparam uma instalação artístico pedagógica para as apresentações, deixando-as expostas durante dois dias. Foram apresentadas 25 experiências científicas e populares, destacadas abaixo:Geografando com Agroecologia I Curso de Introdução à Agroecologia e Manejo Produtivo Sustentável: Relato de Experiência no Extremo Sul da BahiaReferenciais pedagógicos para educação em segurança alimentar e nutricional com populações indígenas e rurais do sul da BahiaAgroecologia: relevância da implantação dos núcleos regionaisQuebrando paradigmas: realização de intercâmbio na construção do conhecimento AgroecológicoAgroecologia e Produção Orgânica na Agricultura Familiar no Território Extremo Sul da BahiaÁreas Sociais coletivas: espaços de organização dos Núcleos de Base dos assentamentos agroecológicosGeração de renda no assentamento agroecológico Jaci Rocha com venda direta - construção de alternativas sustentáveisPonto de Vista Sobre o Que Tem para ComerRelato de experiência agroecológica: Sítio Beija Flor, Prado/BAConstruindo conhecimento com a horta escolar: Implantação da horta em uma escola Municipal em Posto da Mata – BaAgroflorestas sucessionais para a produção de madeira e outros produtos não madeireirosUniversidade e extensão popular: experiência da feira da agricultura familiar na UFSBLuta pela terra e inserção da agroecologia no assentamento Terra Vista-BARecuperando área e produzindo fartura com AgroflorestaAssentamento Sustentável: Trabalhando a Agroecologia em Assentamentos de Reforma Agrária no Extremo Sul da BahiaSistema Agroecológico em modelo de permacultura no ambiente escolar do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Baiano – Campus Teixeira de Freitas, BASaberes indígenas na criação de sistemas agroflorestaisManejo de Agroecossistemas e agricultura orgânicaUma experiência interdisciplinar na construção da Educação Ambiental AgroecológicaSaberes indígenasAgrofloresta Boa VistaConstrução do aviário móvel como alternativa de produção de galinhas "caipiras"Curso Técnico Pós Médio em Agroecologia – Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio BrunettoPonto de Vista Sobre o Que Tem para ComerExperimentando tecnologias socioambientais sustentáveis na construção na construção do Jardim-QuintalAcesso à terra e a realidade dos acampamentos localizados no município de Uruçuca-BaO encontro proporcionou uma integração de diversas experiências científicas e populares, apresentação de tecnologias sociais, métodos, caminhos, estratégias e bases para a transição agroecológica. Além disso, propiciou a interculturalidade promovida pela participação de diversas representações e sujeitos do campo, assentados e assentadas da reforma agrária, ribeirinhas, quilombolas, indígenas, agricultoras/os urbanos, cabruqueiras/as, agrofloresteiras/os; a interexperencialidade, oriunda da sociobiodiversidade, territorialidades étnicas locais e presenças de diferentes movimentos e instituições locais; a intergeracionalidade, com a presença de diferentes gerações, juventude rural, anciães de comunidades tradicionais, raízeiras e benzedeiras experientes, guardiãs e guardiões da agrobiodiversidade; a interdisciplinaridade, com a significativa participação de agricultoras/es, pesquisadoras/es, técnicas/os e professoras/es de diferentes áreas do conhecimento e atuação; a interterritorialidade, expressada pela representação de diversos municípios, territórios e comunidades do extremo sul da Bahia e outras regiões do país; e a interinstitucionalidade, representada por diversas instituições e movimentos sociais do campo.
doi:10.17648/2446-4775.2019.816 fatcat:f7aipsbdpjfszc5lgipnxqymge