Para Ler o Apocalipse

V.A. Miranda
2005 Revista Eletrônica Oracula  
Resenha de COLLINS, Adela Yarbro. The combath myth in the Book of Revelation. Eugene: Wipf and Stock Publishers, 2001. 291 p. O livro de Adela Collins foi publicado primeiramente em 1976 pela Harvard Theological Review, e reimpresso com poucas mudanças em 2001. Na verdade, ele é a sua tese doutoral, defendida em setembro de 1975, sob a orientação de Dieter Georgi. O texto agora resenhado tem poucos acréscimos ao primeiro, mais no campo das referências. Esta presente resenha é uma saudação a
more » ... nova edição da obra, que se tornou referência no estudo do Apocalipse de João. Para demonstrar sua tese, de que o Apocalipse tem como estrutura os antigos mitos de combate, Collins escolheu o Apocalipse 12 como fonte para análise, selecionado por ser mais o mais amplo e claro exemplo dessa dependência estrutural. A origem do material deste capítulo do livro de João está essencialmente no mito de combate, adaptado para interpretar uma situação de conflito e de perseguição do autor e das comunidades de crentes. Como resposta a essa situação, o Apocalipse advoga a estratégia da não-violência e do martírio idealizado. Segundo a autora, a maior dificuldade na análise do Apocalipse está no fato de várias passagens serem paralelas e repetidas. Isso indicaria o uso de fontes? Se refeririam aos mesmos eventos ou a eventos paralelos? Geralmente, os estudiosos apontam duas estratégias para resolver essa questão. Uma delas é admitir que o redator do Apocalipse usou farto número de fontes diferentes; a outra é entender que esse fenômeno é fruto da sua intenção literária deliberada. Esta segunda opção é chamada de Teoria da Recapitulação. Apesar dessa hipótese retroceder a datas tão antigas quanto Agostinho, ela foi eclipsada pela Teoria das Fontes, segundo a qual o autor de Apocalipse foi simplesmente um editor que compilou diversas fontes num único documento. Neste caso, as repetições seriam um critério para discernir os limites e extensões dessas fontes. Para Adela Collins, entretanto, a fraqueza dessa teoria reside na 1 Valtair Afonso Miranda é pós-graduando em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, e desenvolveu a presente resenha como parte das pesquisas do Grupo de Pesquisa Apocalíptica Cristã Primitiva: Identidade Religiosa, Representações da Sociedade e História da Recepção, financiado pela FAPESP na qualidade de projeto regular.
doi:10.15603/1807-8222/oracula.v1n1p183-193 fatcat:mcbl6gn4avhvjkz76kgktvu4km