O som é a minha matéria

Laurent Feneyrou, Pierluigi Billone
2015 Opus  
O som é a minha matéria. Trad. Michelle Agnes Magalhães. Opus, Porto Alegre, v. 21, n. 2, p. 209-220, set. 2015. Edição especial. Entrevista. O som é a minha matéria Entrevista de Pierluigi Billone a Laurent Feneyrou Trad. Michelle Agnes Magalhães (IRCAM) Laurent Feneyrou: Você estudou com dois mestres do som. Salvatore Sciarrino et Helmut Lachenmann. O que você buscava junto a eles e o que eles ensinaram a você? Pierluigi Billone: Encontrei Sciarrino no início dos anos 1980. Nessa época, em
more » ... ão, seu trabalho era, para vários estudantes, um exemplo de liberdade criativa. Sciarrino guardava um "segredo": uma sensibilidade e uma atenção aguçada, que o levam a criar livremente os seus próprios projetos, combinadas a um formalismo muito rígido e abstrato (seu interesse por Mozart, a influência de Ravel). Mas, uma vez compreendido isso, era oportuno e necessário se distanciar. No início dos anos 1990, segui os cursos de Lachenmann, em Stuttgart. Sabia que deveria deixar se desenvolver em mim um lado mais reflexivo. Um pathos de reflexão, que eu encontrava justamente sob diversas formas em Lachenmann, Stockhausen, Xenakis e Nono. Foi um encontro e uma relação importante e decisiva para mim. Lachenmann é um autêntico erudito e uma pessoa com um horizonte intelectual vasto e aberto. Ele também mantinha um segredo, diferente daquele de Sciarrino, que era preciso penetrar: toda vibração pode ser um centro de relações, mas é necessário se abrir para escutá-lo (e escutar a sua escuta). Sciarrino e Lachenmann são duas relações pessoais e profissionais diretas. Mas a influência mais profunda e decisiva em todos os níveis me veio dos anos de estudo individual de músicas extraeuropeias (sobretudo as músicas solistas e rituais), o free jazz dos anos 1960 e seus desenvolvimentos posteriores, o rock dos anos 1970 (que toquei), o experimentalismo solista, os momentos mais altos da canção autoral de todos os tipos emesmo que possa parecer surpreendente -do estudo das obras de Andrei Tarkovski. Laurent Feneyrou: Você vive atualmente em Viena. Quais são as razões que o conduziram ali?
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