Fiction writers, university students and the restrictions of Brazil�s literary field today
2017
Abriu: Estudos de Textualidade do Brasil, Galicia e Portugal
Resumo: O presente artigo discute aspectos do campo literário brasileiro na atualidade, com foco nas novas disposições e posições de escritores e críticos. Argumenta-se que houve mudanças substanciais no modo como os autores se relacionam com a esfera pública e no modo de aquisição dos seus capitais escolar e cultural. No plano da critica, aborda-se o problema da restrição de seu discurso, em homologia ao que se passa no plano da criação. Palavras chave: ficção brasileira contemporânea; crítica
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... brasileira contemporânea; campo literário. Fiction writers, university students and the restrictions of Brazil's literary field today Abstract: The article discusses aspects of the contemporary Brazilian literary field, focusing on the most recent tendencies and positions of writers and critics. Arguably, substantial changes have occurred in the way writers relate to the public sphere as well in the way cultural and scholarly capital is acquired. In the field of criticism, the problem of its discursive restrictions, in relation to what happens with writers, is considered. Introdução O conceito de campo literário, cunhado por Pierre Bourdieu, está vinculado à ideia de autonomia relativa de um espaço de produção literária, em que escritores, críticos, editores e outros agentes disputam por posições, com relativa independência dos outros campos (político, religioso, econômico). Na França, foco do estudo de Bourdieu, ele decorre, de um lado, da revolta dos escritores com a sociedade burguesa que se forma com o Segundo Império, e, de outro, da horda de escritores que «invadem» o mercado literário, resultado, por sua vez, do aumento da escolaridade de toda uma geração: Com a reunião de uma população muito numerosa de jovens que aspiram a viver da arte, e separados de todas as outras categorias sociais pela arte de viver que estão começando a inventar, é uma verdadeira sociedade na sociedade que faz sua aparição (Bourdieu 1992: 72). Em termos gerais, apesar do apelo do audiovisual, temos vivido no Brasil, nas últimas décadas, o crescimento da comercialização de livros e, da mesma forma, o aumento do número de leitores e escritores, que, vindos de estratos sociais os mais diversos, buscam também se profissionalizar. Em contraste com o que acontecia pelo menos até os anos de 1980, tornou-se viável não apenas o maior investimento do escritor na sua arte, como também, no caso de alguns, viver apenas -ou através -da literatura. 1 Nesse contexto, mais heterogêneo que o anterior, mas, por outro lado, mais institucionalizado e mais profissional -o que atesta uma estrutura rica e variada, própria de um campo nos moldes bourdieusianos -aumentam também as disputas e as desigualdades entre os autores. Ao empurrar as barreiras de proteção, os recém-chegados despertam a animosidade dos produtores literários que se situam no nível mais alto da hierarquia e que tendem a criticar a transformação da atividade literária em uma atividade como as outras, construindo narrativas de defesa. As tomadas de posição de certos produtores não abrangem manifestos ou textos de opinião para jornais nos quais eles discutiriam questões da realidade social ou projetos para o país. 2 O que escrevem e falam diz respeito, principalmente, às suas visões so-
doi:10.1344/abriu2017.6.1
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