Ventilação não-invasiva: evidências de diminuição da mortalidade e infecção em UTI
Werther Brunow de Carvalho, Marcelo Cunio Machado Fonseca
2004
Revista da Associação Médica Brasileira
A ventilação não-invasiva melhora a ventilação alveolar por criar um gradiente de pressão transpulmonar sem a necessidade de uma via aérea artificial. Recentemente, Girou E et al. 1 publicaram uma pesquisa observacional, retrospectiva do tipo coorte avaliando 479 pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou edema agudo de pulmão (EAP) submetidos à ventilação mecânica convencional ou não-invasiva (VNI), durante um período de oito anos, em que se realizou concomitantemente o
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... nto e se elaboraram recomendações para facilitar a utilização da VNI. As principais variáveis estudadas foram a incidência de infecção adquirida na UTI e a taxa de mortalidade. Como resultados, observou-se um aumento significativo da utilização da VNI com diminuição da freqüência de pneumonia intrahospitalar de 20% em 1994 para 8% em 2001 (p = 0.04) e do risco de óbito (OR 0.37; IC 95%: 0.18 -0.78). Comentário O benefício associado com a utilização da VNI resulta primariamente da redução do uso da ventilação pulmonar mecânica com intubação intratraqueal 2 . Os sistemas invasivos como catéteres intravasculares e tubos intratraqueais são fatores de risco para infecção intra-hospitalar 3 . Nos pacientes submetidos à VNI a invasividade relacionada aos cuidados dos pacientes é menor 4 . Portanto, este estudo é interessante para nós clínicos, que tentamos passar para a prática clínica os resultados das pesquisas sobre VNI, entretanto, as evidências estão restritas a alguns tipos de pacientes adultos, principalmente com DPOC e EAP, não podendo ser extrapolados os dados existentes até o momento para pacientes na faixa etária pediátrica. WERTHER BRUNOW DE CARVALHO MARCELO CUNIO MACHADO FONSECA Referências 1. Girou E, Brun-Buisson C, Taille S, Lemaire F, Bochard L. Secular trends in nosocomial infections and mortality associated with noninvasive ventilation in patients with exacerbation of COPD and pulmonary edema. JAMA 2003; 290:2985-91. 2. Brochard L. Noninvasive ventilation for acute respiratory failure. JAMA 2002; 288:932-5. NO NO NO NO NO CLIMATÉRIO CLIMATÉRIO CLIMATÉRIO CLIMATÉRIO CLIMATÉRIO Estudo americano publicado em 2001 mostrou que a osteoporose provoca perda óssea mandibular, doença periodontal e perdas dentárias em mulheres após a menopausa; ademais, observou que a terapia hormonal com estrogênio protege não só contra a perda óssea sistêmica, mas também contra a perda dentária. Concluiu que cabe ao profissional de saúde atentar para qualquer alteração no osso alveolar e/ou na mobilidade dental em mulheres após a menopausa e que, na presença destes sintomas bucais deve sempre se suspeitar de osteopenia/ osteoporose e encaminhar a mulher para avaliação médica direcionada 1 . Comentário Investigação recém-concluída em São Paulo envolvendo 94 participantes avaliou a saúde bucal de mulheres no climatério em um ambulatório especializado. Os resultados odontológicos obtidos mostraram-se surpreendentes; de fato, a doença periodontal foi constatada em 83% dos sítios analisados e a perda média de dentes foi de 11, de um total de 28 elementos dentários avaliados 2 , bem inferior ao número preconizado pela Organização Mundial de Saúde que determina como parâmetro limite de conforto e saúde bucal a presença de 20 dentes em ambas as arcadas 3 . Considerando-se que 52% das mulheres apresentavam próteses parciais e/ou totais e que destas 11,7% eram desdentadas totais há pelo menos 20 anos e considerando que a faixa etária das participantes era de aproximadamente 49 anos, conclui-se que as perdas dentárias ocorreram antes do climatério, caracterizando a falência dos programas preventivos em saúde bucal 2 . Esses estudos nos alertam para a necessidade de serem instituídas medidas específicas preventivas de educação e informação em saúde bucal nas fases mais precoces de vida da população feminina, para que quando adentrarem o climatério, o façam com menor risco de perdas dentárias.
doi:10.1590/s0104-42302004000100005
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