Comentário: "o futuro do livro na avaliação dos programas de pós-graduação"
Rita Barradas Barata
2005
Interface: Comunicação, Saúde, Educação
Interface -Comunic, Saúde, Educ, v.9, n.18, p.587-98, set/dez 2005 DEBATES Comentário: "o futuro do livro na avaliação dos programas de pós-graduação" Commentary Comentario As reflexões do professor José Castilho Marques Neto acerca do futuro do livro provocam outras tantas idéias sobre aspectos relacionados ao papel do livro na difusão dos conhecimentos científicos, artísticos e filosóficos e sua relação com os processos de formação de docentes e pesquisadores. O primeiro aspecto que merece
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... taque é a análise das diferentes tradições existentes nos diversos domínios de produção de saberes, relacionadas com a produção, difusão e apropriação destes conhecimentos. Assim, no vasto campo das ciências existem diferentes tradições. Em todas elas estão presentes as várias formas de divulgação do conhecimento produzido: apresentações em eventos científicos, artigos publicados em periódicos, capítulos de livros em coletâneas e livros, variando apenas a relevância e a precedência que se confere a cada uma destas formas. Por exemplo, no campo da antropologia, geralmente os resultados de extensas pesquisas de campo são divulgados sob a forma livro, ainda que parte dos mesmos possa ser apresentada como artigos em periódicos. Já no âmbito da epidemiologia é mais freqüente que os resultados de extensas pesquisas de campo sejam publicados em vários artigos, em periódicos, não gerando necessariamente a publicação de livros. Um outro aspecto relativo aos livros como suporte para a divulgação de conhecimentos remete a uma reflexão necessária na contemporaneidade: a relação entre processos reflexivos e consumo imediato de resultados. A forma livro sem dúvida se presta melhor à divulgação de teorias, elaborações conceituais, formulação de metodologias, apresentação de técnicas de análise e a forma artigo se presta mais ao registro de resultados empíricos imediatos, cuja perenidade será menor em virtude dos avanços constantes, mas, principalmente, da avalanche de pesquisas existentes. Outro aspecto de extrema importância destacado pelo professor Castilho é o papel que a revisão por pares têm no que respeita à qualidade da produção. Esta depende da correta aplicação do método, mas também do julgamento interpares, ou seja, a verdade é construída no interior da comunidade da qual o cientista faz parte. Sem o julgamento pelos pares não há garantia, para os leitores, de que aqueles saberes passaram pelo crivo da comunidade de cientistas que compartilham interesses semelhantes.
doi:10.1590/s1414-32832005000300012
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