O visível e o invisível: paisagem urbana e arte pública

Leandro Tartaglia
unpublished
Resumo: O objetivo geral deste artigo é analisar a nova geografia que o graffiti apresenta na cidade do Rio de Janeiro, em virtude dos aparatos legais que regulamentam sua prática nesse espaço. Dessa forma, busca-se analisar a maneira como o graffiti é produzido na cidade; desvendar a dimensão estética que esse graffiti passa a apresentar; identificar as intencionalidades dos sujeitos envolvidos na configuração da paisagem e na lógica que define a localização dessas produções artísticas;
more » ... nder as tensões geradas no espaço público da cidade a partir da regulamentação do graffiti. Palavras-chave: Paisagem. Sujeitos. Regime de visibilidade. Graffiti. _______________________________________________________________________________ Introdução A arte pública urbana vem ampliando, efetivamente, as maneiras de compreender e interpretar as cidades contemporâneas. Também conhecida como arte de rua ou street art, a arte pública é incorporada à paisagem urbana por meio de diferentes inscrições, sendo o graffiti uma de suas principais formas de manifestação. O graffiti caracteriza-se como imagens vibrantes símbolo de territorialidades, que reconfiguram a paisagem urbana, e resulta de um conjunto de experiências, que visualmente são registradas nessas cidades por meio da apropriação simbólica desses espaços por seus autores: os grafiteiros (TARTAGLIA, 2010). Produto cultural resultante da territorialização de imigrantes nas metrópoles dos Estados Unidos e reterritorializado em outras tantas cidades pelo mundo por meio da cultura Hip Hop (OLIVEIRA, 2006), ainda que outrora marginalizado e fruto de lutas sociais, o graffiti e seus autores encontram-se em um momento de ressignificação do seu papel na sociedade brasileira. Sua aceitação ocorre no plano do reconhecimento de sua produção artística e criativa, o que proporciona o aumento da capacidade de seus autores serem vistos (e obterem reconhecimento) na paisagem urbana. A busca de novas leituras geográficas do graffiti remete, portanto, a outras interpretações da paisagem, como o que é considerado visível e invisível na cidade. A arte pública e outras manifestações pictóricas buscam se destacar diante da perspectiva dos diferentes olhares que pode haver sobre a paisagem urbana e sua dinâmica configuração. Esses elementos destacam os símbolos de territorialidades "invisíveis" e lançam novas possibilidades de olhar a paisagem das cidades. O geógrafo Joan Nogué (2007; 2009) destaca uma espécie de cartografia das territorialidades invisíveis e a possibilidade de identificar os sujeitos e suas inscrições por meio de uma dimensão escalar da paisagem a qual ele irá chamar de micropaisagens.
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