A NATUREZA MULTIFACETADA DAS TENSÕES NA ESCOLA Ranilce Guimarães-Iosif

Afonso Galvão, Lynette Shultz
2015 unpublished
Conflitos e tensões são aspectos inerentes à condição humana. Não precisam sequer de um outro externo para que se manifestem. A essência mais profunda das tensões e conflitos envolve justamente aquela que se dá de modo imanente na própria gênese humana, no discurso do outro que se constitui em nós. Então, em termos intrapsíquicos, temos essa pluralidade de eus que se apresentam em diferentes versões, essas vozes múltiplas que nos habitam. Algumas nossas velhas conhecidas. Outras que se
more » ... m nos nossos sintomas e repetições mais corriqueiras e que, frequentemente, não damos conta de nomear. Como diz a escritora Clarisse Lispector, em 'Perto do Coração Selvagem', 'quando tento dizer o que sinto, eu não só não consigo dizer o que sinto, como o que eu sinto lentamente se transforma no que eu digo', esse dizer se refere ao que conhecemos parcialmente dos eus que habitam a consciência e também ao desconhecido que habita em nós. A escola, como todo espaço de interações comunitárias, é um lugar de conflitos. As tensões em si não podem ser vistas como patologias sociais, mas como um espaço de desenvolvimento da vida. Há tensões onde há pessoas interagindo. No caso da escola, há um encontro de diferentes atores oriundos de diferentes grupos de pertencimento e que se organizam em novos grupos. Muito da pesquisa social cognitiva sobre formação de grupos e conflitos em diferentes contextos sociais tem se dedicado a estudar sobre como o desenvolvimento de certos padrões de estereótipo são usados para valorizar grupos de pertencimento em detrimento de grupos externos. Oakes, Haslam e Turner (1994) definem estereótipos de um modo atual, como
fatcat:hpusdhi6lvbmlcvrxvmodcosia