João Cruz Costa
2011
Trans/Form/Ação
JOÃO CRUZ COSTA -Juntamente com Lívio Teixeira, o professor Cruz Costa foi o principal responsável pela criação do Departamento de Filosofi a da FFCL da Universidade de São Paulo. A presença entre nós de fi guras tais como Gilles-Gaston Granger, Claude Lefort, Martial Gueroult, Michel Debrun, Gerard Lebrun, Jules Vuillemin, se deveu ao trabalho pioneiro desses dois professores. Cruz Costa tornou-se catedrático em Filosofi a pela FFCL/USP no ano de 1951, deixando suas atividades docentes em
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... Doutor honoris causa pela Universidade de Rennes (França) foi professor convidado da École de Hautes Études de Paris durante o ano de 1964. Autor de alguns ensaios: A Filosofi a no Brasil, O pensamento brasileiro, O desenvolvimento da fi losofi a no Brasil no século XX e a evolução histórica nacional, Augusto Comte e as origens do positivismo e Contribuição à história das idéias no Brasil. Embora modestamente não se defi na como um fi lósofo, mas como "um fi losofante, preocupado com a História", nós o temos como uma das inteligências mais lúcidas e críticas da formação cultural brasileira. Pensador e cultivador das irônias, ao nos enviar carta autorizando a publicação de sua entrevista, assim nos ensinou: "(...) quando tiverem 72 anos como eu, não confi em em microfones. Entrevista, só ali, no duro, na caneta-tinteiro". Quais foram os principais momentos de seu trabalho teórico? Houve um projeto que o orientou? Meu projeto teórico? Não sei, não: creio que nunca o tive! Vocês sabem que comecei estudando Medicina, revelando assim um interesse pratico pelo homem, se não por ele, por sua saúde... Eu fi zera aqui uns vagos estudos de fi losofi a com o meu saudoso amigo, Prof. Henrique Geenen, para satisfazer as exigências dos preparatórios. Para ingressar na Faculdade de Medicina éramos obrigados a prestar exame de psicologia e lógica, que o meu amigo e professor da Faculdade de Medicina, o Prof. Guilherme Bastos Milward chamava de psicologia ilógica. Fui depois para a França em 1923 e entrei no curso preparatório a Faculdade de Medicina de Paris. Um dia, num grupo de brasileiros, encontrei o Prof. Georges Dumas, que era grande amigo do Brasil, que me perguntou qual a especialização que eu iria fazer na Medicina. A minha resposta foi: a psiquiatria. O velho Dumas, que era médico e agrégé
doi:10.1590/s0101-31732011000300005
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