Homem de rua, homem doente: uma análise institucional do discurso da população de rua
[thesis]
Cesar Eduardo Gamboa Serrano
AGRADECIMENTOS À Profa. Dra. Marlene Guirado, minha orientadora e minha mestra, pela sabedoria e pela generosidade com que orientou não apenas este trabalho, mas toda a construção do meu jeito de fazer e pensar a psicologia. Agradeço imensamente pelo convite sempre renovado para pensar ao seu lado. É um imenso privilégio. À Profa. Dra. Maria Luiza Sandoval Schmidt, pela discussão que me proporcionou durante o exame de qualificação. Isso permitiu que eu ampliasse, e muito, meu olhar sobre o
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... À Profa. Dra. Laura Camargo Macruz Feuerwerker, pelas incríveis discussões que tivemos em seu curso na Faculdade de Saúde Pública e pela enorme ajuda durante exame de qualificação e depois dele. Ao Departamento de Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento Humano, pela oportunidade e pelo imenso apoio que recebi, desde o início, para a realização deste trabalho; em especial à Olívia: um anjo. À Comissão Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, pelos financiamentos que me permitiram participar de importantes congressos. Aos profissionais que trabalham na Biblioteca do Instituto de Psicologia da USP, pelo carinho com que me auxiliaram na pesquisa bibliográfica. À Profa. Dra. Maria Lúcia de Araújo Andrade, sempre perto, pela ajuda em um momento tão difícil da minha jornada. Aos meus amigos Adriana Eiko e Arlindo Lourenço, pela constante oportunidade de pensar, militar e trabalhar sobre questões tão áridas da psicologia. As provocações de vocês me obrigam a pensar cada vez mais. A todos os colegas do grupo de orientação, que estão e que passaram, por me ajudarem, em diversos momentos, a não deixar de pensar. , por dividirem comigo as alegrias e as agruras da docência. vii Aos amigos Gustavo Dionísio, Marcelo Làbaki, Carol Bratfisch, Cláudio Lísias, Eliane Cabariti e Sandra Poppe, por estarem sempre por perto. À Débora Galvani, pela deliciosa discussão a respeito das produções sobre a população em situação de rua e por ter me indicado uma bibliografia tão importante. Aos amigos da Abrapso -núcleo São Paulo, especialmente à Graça Lima, pela acolhida e pelos provocadores debates que sempre são travados em nossas reuniões. À Universidade Bandeirante de São Paulo, por me permitir lecionar e orientar trabalhos de pesquisa em Psicologia. Aos meus alunos, que me ensinam todos os dias. Aos pacientes de quem cuido, que me obrigam a questionar o meu saber o tempo todo. Aos técnicos e usuários do Centro de Inclusão da Pessoa em Situação de Rua, pela acolhida e pelo carinho com que me contaram suas histórias. Aos meus pais, Sr. João (in memorian) e D. Maria, por estarem sempre ao meu lado e por terem me ensinado que o respeito pelo outro não é um gesto condicionado. À minha família, Marcelo, Patrícia, Ilce, Cláudio, Paulo, Rose, Luiz Eduardo e Ana Cláudia, pelo apoio incondicional. À Maria Paula, pela companhia, pela interlocução tão cuidadosa, pelo apoio, pela paciência, pela compreensão, pela leitura e revisão deste trabalho, enfim, por existir na minha vida. viii O homem, durante milênios, permaneceu o que era para Aristóteles: um animal vivo e, além disso, capaz de existência política; o homem moderno é um animal, em cuja política, sua vida de ser vivo está em questão. Michel Foucault ix RESUMO Esta tese apresenta um estudo a respeito das relações e das subjetividades produzidas em uma instituição de assistência à pessoa em situação de rua. Foram analisados os discursos de agentes institucionais e de usuários de um Centro de Inclusão da Pessoa em Situação de Rua e foram discutidos temas como a heterogeneidade, as regras, a exclusão, os encaminhamentos, o tratamento e a regulação da vida de pessoas que vivem nessa situação. Discutimos a produção de um "homem doente", nos discursos acadêmicos e dos agentes institucionais, que explica e justificaria toda e qualquer ação que se faça com essa população. Corpo e vida tornam-se regulados e controlados pelas rotinas impostas pelos tratamentos e pela medicalização a que pessoas de rua são submetidas, quando se tornam usuários de instituições de saúde ou de assistência social. Foi discutido que, no mesmo discurso dos técnicos, produz-se, de um lado a existência de um sujeito de rua doente, carente e viciado e, de outro, a expectativa de um usuário que precisa ser são, de corpo e mente, e estar livre de vícios para que possa fazer parte da instituição. Dessa maneira, o homem de rua imaginado pelos técnicos, paradoxalmente, não seria um cliente da instituição que fazem cotidianamente, ou seja, a pessoa de rua não é o cliente ideal para o Centro de inclusão da pessoa em situação de rua. Verificamos, entretanto, a presença de vetores de resistência, tanto nas práticas dos agentes institucionais, quanto nas ações de usuários, que se opõem aos discursos homogeneizadores e aos dispositivos de regulação da vida e de exclusão dos usuários da instituição. As relações afetivas e as negociações produzem o encontro entre técnicos e usuários e dele emergem singularidades, tanto de um lado, quanto de outro. x ABSTRACT This thesis presents a study about the relationships and subjectivities produced in an institution of assistance to homeless people. Speeches of the institutional agents and users of a "Centro de Inclusão da Pessoa em Situação de Rua" (Inclusion Center for the Homeless Person) were analyzed and also topics such as the heterogeneity, the rules, the exclusion, the referrals, the treatment and the regulation of the lives of the people living in this situation. We discussed the production of a "sick man", in the academic speech and the speech of the institutional agents, which would explain and justify any and every action that is put forth with this population. Body and life become regulated and controlled by the routines imposed by the treatments and the medication to which these people are submitted, once they become users of health institutions or welfare care. It was argued that, within the same speech of the agents, on one hand is produced the existence of a sick, demanding, and addicted street person; and on the other hand the expectation of a user that needs to be healthy, of body and mind, and needs to be free of addictions to belong to the institution. Hence, the street person imagined by the agents, paradoxically, would not be a client of the institution's everyday activity; that is, the homeless is not the ideal client for the Inclusion Center. Nevertheless, we verified the presence of resistance vectors in the agents' practices and the users' actions that make oppositions to the homogenizing speeches and to the life regulations devices and the exclusion of the users from the institution. The affective relationships and the negotiations produce the encounter of the agents and the users and from it emerge singularities on one side and other. xi
doi:10.11606/t.47.2013.tde-21112013-151801
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