MUNDO COMO SIGNIFICATIVIDADE EM SER E TEMPO
Naiane Meireles de Almeida Bastos
2018
Anais dos Seminários de Iniciação Científica
A questão filosófica sobre a linguagem e seu funcionamento foi tratada contemporaneamente a partir da crítica ao significado e à sua cristalização no enunciado. Martin Heidegger (1889 – 1976) procura em sua obra "Ser e Tempo" retomar a análise do homem em sua existência e em sua relação com o sentido de forma a alcançar um questionamento mais originário sobre o que entendemos por linguagem. Repensar esta questão implica refazer a pergunta pelo modo como algo como o sentido ocorre para o homem.
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... esse momento, Heidegger já não fala no homem a partir da ideia tradicional de "animal racional", mas o toma em suas bases ontológicas, referindo-se a ele com "Dasein", aquele que tem lógos, aquele que se mostra existencialmente como o âmbito de comparecimento dos entes em geral e, portanto, do sentido do ser de todos os entes. Homem e mundo, ser e linguagem, representam uma relação constitutiva na qual a significação e a própria linguagem podem se manifestar justamente por ser parte da estrutura do homem, ser em um mundo. Assim, a noção de mundo de Heidegger é o que nos propomos investigar neste projeto, na medida em que pensar o mundo é pensar o vivido pelo Dasein, é pensar a sua relação com o ente intramundano e sua referencialidade mais própria. Assim, o Dasein não manterá uma relação meramente cognoscitiva com o que o rodeia. Antes de supor uma correspondência entre coisas separadas, palavras e coisas, homem e mundo, no qual o mundo seria um conjunto de entes, Heidegger pensa o homem a partir de sua existência como ser-no-mundo e somente a partir desta caracterização existencial e ontológica é que o conhecimento e a enunciação podem se tornar possíveis. Mundo vem a ser aquilo, portanto, desde o qual o Dasein se projeta. Este trajeto se justifica porque nos encaminha ao entendimento de que o significado enraíza-se nas relações de significação do ser-no-mundo, enquanto uma possibilidade estrutural do homem, e apesar de podermos relacioná-lo às palavras, o sentido será anterior às próprias palavras, pois o sentido é inerente à existência. A perspectiva na qual um ente aparece com sentido se dá porque ao ser do Dasein pertence uma compreensão de ser. Como diz Heidegger no §18 de Ser e Tempo: "Se convém essencialmente ao Dasein o modo de ser-no-mundo, é que a compreensão de ser-no-mundo pertence ao acervo essencial de sua compreensão de ser". E a estrutura dessa perspectiva constitui o que se chamamos de mundanidade do mundo. A mundanidade do mundo servirá para atestar, portanto, a questão da anterioridade do sentido em relação às palavras na medida em que a significância o constitui, ou seja, ela afirma o modo do sentido se dar enquanto conjuntura ou uma rede de referências constitutivas. Haveria, portanto, uma familiaridade do homem com o contexto desde o qual toda significação se torna possível.
doi:10.13102/semic.v0i20.3214
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