cartas ao editor

1999 Arquivos brasileiros de endocrinologia e metabologia  
C omo membro da Comissão Editorial dos "Arquivos", sinto-me na obrigação de tecer alguns comentários a respeito do Consenso sobre Diabetes Gestacional (DMG), publicado no volume 43, número 1, Fevereiro de 1999 (1). No que diz respeito ao Diagnóstico do DMG, cabem algumas observações, tanto no aspecto formal quanto conceitual. No aspecto formal, no resumo e na página 16, primeiro parágrafo, os autores afirmam que segundo a OMS, os valores de corte para o diagnóstico de DMG seriam 126 mg/dl em
more » ... um e 140 mg/dl após 75g de Dextrosol. Entretanto, no fluxograma da mesma página o valor de corte para o jejum é de 110 mg/dl. Esta incongruência é reforçada no segundo parágrafo quando os autores afirmam textualmente "O Grupo de Estudo recomenda o diagnóstico de glicemia alterada na gravidez (Glicemia de jejum >110 mg/dl) por analogia com o diagnóstico de tolerância à glicose alterada (Glicemia de 2 horas >140 mg/dl)". Ainda no aspecto formal, modificam, sem advertência no texto, as recomendações do quarto Workshop de (em?) Diabetes Gestacional (2) ao afirmar que o mesmo adota para a sobrecarga 75g de dextrosol e os valores de corte propostos por Carpenter e Coustan (3) (jejum 95 mg/dl, 1h 180 mg/dl, 2h 155 mg/dl). Ora, a leitura atenta do artigo de Metzger e Coustan (2) mostra que o Workshop recomenda a utilização da sobrecarga com 100g e que o critério de Carpenter e Coustan (3) inclui além das glicemias supracitadas um quarto valor, na terceira hora, superior a 140 mg/dl. Textualmente no item "Recomendações para o futuro", o Workshop (2) conclui: "Embora a sobrecarga usada não tenha um efeito maior no teste de tolerância à glicose em indivíduos com tolerância normal, valores naqueles com DMG podem diferir significativamente, na dependência da sobrecarga com 75 ou 100 gramas. Então, recomenda-se que estudos clínicos sejam feitos para determinar se os resultados do teste com 75 gramas poderiam ser usados de maneira semelhante", (tradução pessoal). Na verdade, o Workshop (2) ao propor o critério de Carpenter e Coustan (3) considerando-se dois valores acima do nível de corte como o diagnóstico de DMG, atualizou, mais uma vez, o critério de O'Sullivan e Mahan (4) proposto em 1964, baseado em glicemias em sangue total e técnica de Somogyi e Nelson. Em 1979, o NDDG modificou estes critérios para determinações plasmáticas e método de Ortotoluidina. As modificações agora propostas, visam compatibilizar os valores de O'Sullivan com as modernas técnicas enzimáticas. É de salientar que as alterações do metabolismo de carboidratos na gestação são um continuum e os valores serão sempre algo arbitrários. No aspecto conceitual a adoção dos valores de glicemia em jejum >126 mg/dl (ou mesmo 110 mg/dl) e duas horas após dextrosol >140 mg/dl provavelmente identificarão duas populações distintas já que a Com os agradecimentos do admirador,
doi:10.1590/s0004-27301999000200013 fatcat:4dco2hu4p5ckxaljfubggyahau