Escolha da especialização em ginecologia e obstetrícia
Miriam da Silva Wanderley, Dejano Tavares Sobral
2010
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia
A especialização faz parte da identificação profissional do médico e tem raízes anteriores à graduação em Medicina. Existem muitas influências na escolha da área de especialização, que incluem diferenças individuais em aptidões, habilidades e personalidade, circunstâncias que antecedem ou decorrem do treinamento clínico, bem como injunções das perspectivas de inserção profissional, tanto oportunidades e recompensas, como desgastes e frustrações. A escola médica desempenha papel relevante nessa
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... scolha, na confirmação ou substituição da preferência inicial por uma dada especialidade. Essa influência se apresenta em múltiplos aspectos, tais como currículo, recursos humanos, cenários de ensino, formas em que as disciplinas estão estruturadas, adequação da supervisão pelos preceptores, etc., que incidem principal, mas não exclusivamente, durante o internato médico 1 . Na área de Ginecologia e Obstetrícia (GO), apesar de poucos estudos publicados enfocando fatores que definem a preferência por essa especialidade médica em detrimento de outras, observou-se que a satisfação com o treinamento em serviço foi uma influência consistente 2,3 , e que há uma crescente predominância de mulheres entre os candidatos a essa especialidade no exterior 4 -aspecto esse que não foi encontrado em estudo realizado na década passada no Brasil 5 . Trabalho realizado nos Estados Unidos observou que sexo, etnia e experiência satisfatória no treinamento clínico foram fatores preditivos estáveis na escolha por GO na última década, enquanto outros sofreram variações conforme diferentes circunstâncias 3 . Estudo realizado com 792 graduandos da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), no período de 1994 a 2006, não mostrou diferença significativa na inscrição para Residência Médica em GO entre os sexos (6,4% de homens versus 9,9% de mulheres; p=0,07). No entanto, a realização de monitorias e estágio optativo em GO e o nível de rendimento acadêmico, tanto global como na área em questão, demonstraram forte associação com a futura escolha da especialização. Interessante observar que 8% (63) dos 792 estudantes escolheram GO como especialidade médica -proporção significativamente maior que os 5,2% que indicaram preferência por essa área logo que ingressaram no curso (p=0,01; teste de McNemar) 6 . Cinco características são apontadas como necessárias para o bom ginecologista-obstetra: gostar de trabalhar com as mãos e de cuidar de mulheres, apreciar resultados imediatos dos seus esforços, saber lidar com assuntos delicados em situações tensas e tomar decisões rápidas com autoconfiança 7 . Nessa perspectiva, o internato parece constituir a ocasião decisiva para
doi:10.1590/s0100-72032010000100009
pmid:20209263
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