Estatinas x ácido lipóico na prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares

Alyne Da, Silva Portela, Asdrúbal Nóbrega, Montenegro Neto, Paulo Dantas Da Silva, Mônica Oliveira Da, Silva Simões, Maria Das, Graças Almeida
unpublished
Rev Ciênc Farm Básica Apl., 2014;35(1):09-15 RESUMO As doenças cardiovasculares (DCVs) são a principal causa de morte no mundo e tem a aterosclerose como componente mais importante. As estatinas são extensamente utilizadas na prevenção primária e secundária das DCVs, todavia seus efeitos adversos como miopatia e toxicidade hepática justificam a busca por alternativas terapêuticas. O ácido lipóico é um potente antioxidante e vem sendo intensamente investigado no combate de diversas condições
more » ... como nefropatia diabética, intoxicação por metais, doença de Alzheimer e nas DCVs. O objetivo desta revisão foi reunir informações acerca da utilização das estatinas e do ácido lipóico na prevenção e tratamento das DCVs. A literatura aponta que além dos efeitos adversos mais conhecidos associados ao uso das estatinas, elas também podem ocasionar a redução dos níveis de Coenzima Q10 (CoQ10), um importante antioxidante mitocondrial e transportador de elétrons, que possui a capacidade de antagonizar a oxidação da Lipoproteína de Baixa Densidade (LDL) plasmática. Ainda, a deficiência da CoQ10, por sua vez, pode levar a diminuição da adenosina trifosfato (ATP) nas células cardíacas, comprometendo ainda mais o estado global do indivíduo. Enquanto isso, o ácido lipóico apresenta favoráveis efeitos antiinflamatórios, metabólicos e endoteliais, contudo sem a presença de efeitos adversos, podendo ser uma opção terapêutica na prevenção das DCVs. Entretanto, mais estudos clínicos controlados são necessários para estabelecer de maneira definitiva os potenciais terapêuticos e profiláticos do ácido lipóico, avaliando se ele pode ser mais efetivo para a prevenção e tratamento das DCVs do que as estatinas. Palavras-chave: Doenças cardiovasculares. Estatinas. Ácido lipóico. INTRODUÇÃO As doenças cardiovasculares (DCVs) são, atualmente, as causas mais comuns de morbidade e a principal causa de mortalidade em todo mundo (Ribeiro et al., 2012). Entre seus principais subgrupos, estão as doenças cerebrovasculares e as doenças isquêmicas do coração, que totalizaram mais de 60% dos óbitos por DCV (Muller et al., 2012). No Brasil, os gastos com internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) totalizaram 1,2 milhões em 2009 e, com envelhecimento da população e mudança dos hábitos de vida, a prevalência e importância das DCVs tende a aumentar nos próximos anos (Brasil, 2012). A aterosclerose é o componente mais importante das DCVs (Castagna, 2009). Trata-se de uma doença complexa multifatorial e que tem na disfunção endotelial o mecanismo fisiopatológico inicial, que tenta unificar todo o processo patológico, independente do mecanismo de agressão vascular (Teles et al., 2007). Alguns fatores têm uma relação causa-efeito muito estreita com a aterosclerose, atuando diretamente na complexa cadeia de acontecimentos que conduzirão à iniciação e progressão da doença, entre eles os processos pró-oxidantes e pró-inflamatórios (Libby et al., 2002). Atualmente, existem várias classes de medicamentos, tais como as estatinas, que estão sendo cada vez mais utilizadas na prática clínica para a prevenção primária e para a secundária das DCVs. Apesar do tratamento com as estatinas ser útil, o elevado custo destes medicamentos e a perspectiva do seu uso prolongado pode trazer sérios problemas à saúde, justificando inteiramente a busca de alternativas para o controle da dislipidemia e da prevenção das doenças cardiovasculares (Sena et al., 2007). Sabe-se que substâncias antioxidantes ou que funcionam como cofatores para elementos antioxidantes são capazes de reduzir o estresse oxidativo e a inflamação, atenuando o processo aterogênico. Desse modo, alternativas terapêuticas que buscam combater o estresse oxidativo e a inflamação estão sendo intensamente investigadas, sobretudo aquelas que possam contribuir para o bloqueio do processo da aterosclerose (Montera, 2007). O ácido lipóico é um potente antioxidante, com favoráveis efeitos antiinflamatórios, metabólicos e
fatcat:rxrlwi63rnhljc5zj5swpjd3ly