Sotaque e telejornalismo: representações de comunicadores de mídia nordestinos

Luciana de Menezes Ramos, Zulina Souza de Lira, Antonio Roazzi
2015 Revista CEFAC  
RESUMO: Objetivo: descrever o conteúdo das representações sociais do comunicador de mídia nordestino acerca do seu sotaque. Métodos: a coleta de dados foi realizada em duas etapas. Na primeira, foi empregada a técnica de associação livre, na qual 50 universitários apresentaram o que pensavam diante da palavra "sotaque". Na segunda, por meio do Procedimento de Classificações Múltiplas (PCM), 25 comunicadores atuantes na Região Metropolitana do Recife classificaram as 15 palavras mais associadas
more » ... elos estudantes de duas maneiras, classificação livre e dirigida. Na classificação livre, os comunicadores agruparam as palavras segundo critérios por eles estabelecidos, enquanto que na classificação dirigida, as palavras foram classificadas de acordo com o grau de associação com o termo MEU SOTAQUE. A análise foi realizada utilizando-se métodos estatísticos multidimensionais, que permitiram construir a estruturação do campo das Representações Sociais. Resultados: três regiões delimitadas expressam a representação dos sujeitos sobre sotaque: Conceito, Identidade e Espaço. Na primeira, há seis categorias (engraçado, diferente, arrastado, matuto, preconceito, oxente), na segunda, as palavras são identidade, característica, língua, fala e cultura, próximas ao termo meu sotaque e, na terceira, região, regionalismo, nordeste e localidade. Identidade foi o termo mais relacionado ao termo MEU SOTAQUE, enquanto que os itens menos relacionados são os presentes na região conceito, exceto pelo termo oxente. Conclusão: o sotaque nordestino é tido como uma marca da identidade e cultura da região Nordeste. Os comunicadores suavizam características do falar nordestino durante o exercício profissional para se adequar ao padrão preconizado pelo mercado de trabalho sem perder a sua identidade.
doi:10.1590/1982-0216201517610215 fatcat:ipjevsfyezabnpav3uxjuoglj4