BETTO, Frei - Minas do Ouro. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2011. 270 p
André Jorge Catalan Casagrande
2012
Uniletras
Nos últimos anos tive a honra de trocar e-mails com o escritor mineiro Frei Betto. Isto se deve ao fato de minha pesquisa de mestrado remeter ao seu primeiro romance histórico Um homem chamado Jesus, baseado nos evangelhos canônicos, que revisita a sua maneira a mais que conhecida história do Cristo. A dissertação se tornou livro, sendo o título -Jesus na ótica da literatura -sugestão do próprio Frei Betto, que ainda chancela minha obra com uma nota na quarta-capa. No segundo semestre de 2011
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... i lançado o seu segundo romance histórico, intitulado Minas do Ouro e, por conta desta amizade virtual, ganhei um exemplar autografado. Destarte, não poderia deixar de lê-lo, não obstante minha demora em fazê-lo. 1 O romance conta a "estória" da família Arienim -mineira ao contrário -, tendo como pano de fundo a história das Minas Gerais. Tudo se inicia com um fragmento de mapa, possivelmente de uma mina de ouro, enrolado em um cartucho de couro, que passa às mãos de Fulgêncio Arienim no cais de Salvador por um oficial inglês à beira da morte, após ter sido apunhalado por uma prostituta. Daí em diante, o tal mapa do tesouro passará pelas mãos de muitos Arienims, que não medirão esforços na tentativa de encontrar as riquezas apontadas pelo mapa, sem nunca, no entanto, conseguir achá-las. O narrador desta saga familiar é o último dos Arienim, um jornalista que, em busca de um furo de reportagem na festa de aniversário de ninguém mais que ninguém menos que Elizabeth Taylor, descobre que o diamante de 40 milhões de dólares em posse de Miss Taylor fora pago com o fragmento de mapa que por tantos séculos ficara sob a guarda de seus ancestrais e que fora vendido por seu avô, Antenor Arienim, a mister Burton, um inglês colecionador de antiguidades que esteve em terras brasileiras. A contextualização do romance fica por conta dos cinco séculos de história das Minas Gerais. O que ocorre é uma revisitação dessa história, em que personagens fictícias convivem e dialogam com personagens históricas. Não obstante, em presença de romances assinalados como históricos, surgem alguns questionamentos: por que recontar outra vez a história das Minas Gerais, e ainda mais de modo fictício? Haveria aí uma tentativa de reinterpretar o que 1 Registro aqui meu agradecimento ao velho amigo, Leandro Thomaz de Almeida, pela revisão e apontamentos pertinentes para a confecção desta resenha. * Mestre em Ciências da Religião, com concentração em teologia e literatura, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, licenciado em Letras e bacharel em Teologia. Recebido para publicação em 27 abr. 2012. Aceito para publicação em 8 jun. 2012.
doi:10.5212/uniletras.v.34i1.0010
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