Editorial

2006 Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental  
v EDITORIAL ano IX, n. 2, jun/2 0 06 Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., IX, 2, Os artigos originais que são publicados na Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental cobrem um vasto campo de pesquisa que vai da clínica psicoterapêutica à história da psiquiatria e da psicopatologia. Além disso, as seções "Observando a medicina" e "Observando a psiquiatria" revelam que há um vasto campo contraditório atual nessas disciplinas revelando sua natureza problemática. O campo da saúde mental que,
more » ... no Brasil, inclui a Reforma Psiquiátrica Brasileira, revela-se vasto, contraditório, problemático e, muitas vezes, enigmático. As políticas públicas de saúde mental nem sempre são clara e precisamente codificadas e textos publicados nesta Revista apresentam um hiato entre o código e a prática. O âmbito da Psicopatologia Fundamental vai, assim, delineando-se e revelando toda a sua complexidade. A Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental é uma formação social e resulta de trabalho de muitos profissionais empenhados na pesquisa, na escrita e na publicação de resultados de investigações sobre o pathos psíquico. As diversas maneiras de abordar este complexo fenômeno, por meio de pesquisas clínicas, epidemiológicas e históricas, utilizando-se diversas metodologias e diferentes metapsicologias e referenciais teóricos cria uma vasta rede significante que pode, perfeitamente, ser denominada de Logos. É claro que esse Logos é atravessado, muitas vezes, por discursos que se afastam da vivência clínica com o pathos e que podem, legitimamente, ser denominados de ideológicos. Entretanto, até mesmo esses trabalhos que resultam de imprecisas impressões, afirmações sem fundamentos clínicos, históricos e epidemiológicos podem ser interpretados como manifestações do mal-estar próprio da existência humana, ou seja, dão testemunha do pathos. A importância da Psicopatologia Fundamental não pode, portanto, ser menosprezada, pois ela reconhece, antes de tudo, que o humano é uma espécie psicopatológica; o humano é um ser afetado, passivo. Ele é, também, ativo e "afetante". Ele é agente e paciente dessa força enigmática e complexa denominada pathos. No sono, o pathos revela a sua dimensão subjetiva e, ao mesmo tempo, fica evidente que o pathos não se reduz ao inconsciente. O sonho, que se manifesta no sono, é produto de um resto diurno, diz Freud. Ora, o "resto diurno" nada mais é do que uma vivência pática objetiva que habita o psiquismo.
doi:10.1590/1415-47142006002001 fatcat:4qfkehy6gjfxlmub5wrmswffxq