Atlas para um paraíso privado ou A sagração da Primavera do século XXI

Alexandra Balona
2013 Sinais de Cena  
Passos em volta cento e três Sinais de cena 20. 2013 Alexandra Balona Atlas para um paraíso privado: ou A sagração da Primavera do século XXI Nas profundezas obscuras da mente [e do corpo] -aqui, a caixa negra do palco -pousa uma estrutura de varas metálicas, pontuada com luzes quentes e sulfurosas, de organização-desorganizada, onde se avistam seres estranhos, ao som de um intrigante chilrear de pássaros. Espaço dentro de um espaço, matrioshka para o lugar dos sonhos, da imaginação ou do
more » ... ciente, esta "espécie de gaiola suspensa", nas palavras de Marlene Monteiro Freitas 1 "que, por um lado, desafia a gravidade e, por outro lado, tem paredes móveis e transponíveis, guarda seres com asas": os seres híbridos e desconcertantes da imaginação, as aves e os anjos do Paraíso, os phantasmas da fantasia. Este é o lugar "heterotópico" (Foucault 1966: 9) da peça Paraíso -Colecção privada, o paraíso inventado dos artistas e dos poetas e, neste caso preciso, da coreógrafa e intérprete Marlene Monteiro Freitas e dos intérpretes Yair Barelli, Lorenzo de Angelis, Luís Guerra e Andreas Merk que, tendo estreado no Circular -Festival de Artes Performativas, em Vila do Conde, em 2012, foi apresentado em Lisboa, no Teatro Municipal Maria Matos e na IP13 em Montemor-o-Novo, em 2013, e continua em circulação por diversas salas e festivais internacionais. Para este Paraíso imaginário -território de liberdade -confluem matérias heterogéneas e contraditórias que, segundo a coreógrafa, "activadas por dinâmicas opostas de repressão e desejo" fecundam imagens e gestos insólitos, desmoronando qualquer plano epistémico coerente e lógico que o público possa expectar. E é este concerto coreográfico que se pretende propor aqui como sendo já uma peça singular do início deste século XXI, atrevendo a comparação, em certos aspectos,
doi:10.51427/cet.sdc.2013.0043 fatcat:tlc5uqcfbbfupjx2v65tchbru4