Baixo Desempenho de Idosos Hospitalizados no Teste do Relógio de Shulman e sua Associação com Grau de Escolaridade Desfavorável

Rilva Lopes de Sousa Muñoz, Divany de Brito Nascimento, Samuel Sá Marroquin, Carolina Campos Brito, Ana Elisa Vieira Fernandes Silva
2016 Brasília Médica  
Introdução. O analfabetismo é um problema universal e limita a utilização de testes cognitivos mais complexos. Os autores usaram o teste do desenho do relógio, o qual, como potencial vantagem, tem menor influência do grau de escolaridade sobre sua realização. Poucos estudos abordam especificamente as características psicométricas desse teste quando aplicado em populações idosas de baixo nível educacional. Os objetivos deste estudo foram avaliar a existência de déficit cognitivo em pacientes
more » ... os internados nas enfermarias do Hospital Universitário Lauro Wanderley com a utilização do teste citado e verificar a relação entre o desempenho neste e o grau de escolaridade. Método. Estudo observacional transversal com avaliação cognitiva breve de idosos internados no Hospital Universitário Lauro Wanderley pela aplicação do teste do relógio ou método de Shulman. Resultados. Avaliaram-se 67 pacientes, internados nas enfermarias do mencionado hospital, com 60 a 87 anos de idade, média de 70 ±7, 66% homens, 62% da classe econômica C, 60% analfabetos. Verificou-se que 81% tinham déficit cognitivo com escore menor que 3, e 35,8% obtiveram escore zero. Houve relação significativa entre presença de déficit cognitivo, indicada pelo teste em questão, e escolaridade (p=0,001). Conclusões. A aplicação do teste do relógio mostrou elevado índice de déficit, porém parece ter havido viés de escolaridade. Como instrumento inicial de avaliação cognitiva breve no contexto hospitalar de uma instituição pública, a aplicação do teste indicou a necessidade de aprofundamento na avaliação neuropsicológica desses indivíduos para excluir provável viés educacional. Assim, o teste aplicado parece ser inadequado como método isolado de triagem em nossa população. Palavras-chave. Idoso; cognição; hospitalização.
doi:10.14242/2236-5117.2016v51n34a282p201 fatcat:kisbtgwoqzehpf66enuq7pk5s4