Algumas consider ações sobr e a exper iência da mediação na esfer a pública cultur al
Maria João, Anastácio Centeno
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A presente comunicação tem por objectivo indagar sobre a natureza da relação entre as organizações e os seus públicos no seio da esfera pública cultural. Numa época marcada pela autonomização e proliferação de diferentes esferas da experiência, interessanos perceber como no seu seio se produzem e impõem acções e discursos, de que forma se confrontam os interesses dos actores colectivos versus os interesses dos agentes individuais. Se o final do século XIX ficou marcado pela expansão do "espaço
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... social de encontro", na tentativa de corresponder às expectativas de participação de vários indivíduos, grupos e classes sociais, o século XX assiste à dissociação entre esse espaço dedicado ao debate e à livre circulação de ideias e a luta popular. Tratase de um espaço que ganha novos contornos com a emergência de um novo tipo de configuração social-a massa. 1. Os processos de integração social e sistémica A esfera pública cultural contemporânea, designação que pressupõe a cultura como um factor de desenvolvimento 1 , teve origem precisamente na alienação popular da vida 1 Habermas fala de uma esfera pública literária que assume extrema importância, entre outros aspectos, porque é entendida como antecessora da esfera pública política. Foi nos espaços das grandes cidades como os cafés e os salões burgueses que se promoveu a apresentação e a discussão dos juízos de cada um sobre, por exemplo, uma obra de arte ou um novo estilo, a par do desenvolvimento da imprensa dedicada à crítica literária e cultural. Sobressai o "consenso nascido do raciocínio colectivo de um público" (Esteves, 1989:100). A distinção entre as esferas públicas literária e política pode ser estabelecida a partir das funções complementares que cumprem em termos sociais. A esfera pública literária não versa sobre novidades temporárias mas explora os problemas contínuos da vida, do significado e da representação, característicos da arte. Associada à função de entretenimento, não podemos negligenciar a função educacional que desempenha. No entanto, as lições que dela podemos retirar têm menos a ver com o acréscimo de conhecimentos e mais com as emoções. Podemos falar de um educação afectiva mais do que cognitiva.
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