Quando a reportagem sobe o morro

Mateus Fernandes Lima
2018 Revista Geografia Literatura e Arte  
A rotina da produção jornalística diária vive dias insólitos, em meio à cobertura da violência urbana no país. Em um ano marcado pela intervenção federal no estado carioca e pela fragmentação das organizações criminosas locais, a imprensa vê seu trabalho dificultado na tentativa de explicar e contextualizar os episódios desta imensa trama. Desde a chegada das novas tecnologias, as principais empresas de comunicação vivem um intenso embate pela propagação do 'furo' diárioa informação mais quente
more » ... do dia. Com essa 'corrida' perde-se o que há de mais precioso em cenários como esse: as profundas e humanas narrativas de histórias de vida. Essa densa produção sobre um tema tão complexo carece de espaço nos grandes veículos de imprensa do país. Especialmente devido ao tempo de tela ou quantidade de caracteres que essas histórias detêm dos jornais. Em cenários como esse, é um alívio, um respiro, encontrar produções como as de Caco Barcellos, repórter da TV Globo, que comanda o semanal Profissão Repórter. Gaúcho de Porto Alegre, Barcellos atuou nos principais veículos da mídia alternativa e hegemônica do país, como Folha da Manhã, Revista Versus, Revista IstoÉ e Revista Veja. Considerado um dos mais importantes jornalistas brasileiros da atualidade, Caco possui uma carreira consolidada também na produção de livros-reportagem. Autor de Nicarágua: a revolução das crianças (Mercado aberto, 1982) e do consagrado Rota 66: a história da polícia que mata (Globo, 1992), o repórter alcança o ápice de sua produção narrativa com Abusado: o dono do morro Dona Marta (Record, 2003). Assim como em um romance, Barcellos nos brinda com uma narrativa criativa, personagens profundos e cenas dramáticas, na medida de uma boa novela policial. Porém, por meio de uma narrativa real, com pessoas de verdade. Declaradamente
doi:10.11606/issn.2594-9632.geoliterart.2018.174638 fatcat:3jzrqedyhzc2pncb7zbtmlju4e