Futebol, poesia e drama: o espetáculo

Renata Pallottini
2009 Comunicação & Educação  
Resumo: O que seria necessário para que se pudesse dizer que uma partida de futebol semelha de alguma forma a um espetáculo teatral, poético, emocional? O artigo propõe um passeio livre pela história dos diferentes tipos de teatro e pelas mudanças sofridas ao longo dos anos. A autora lembra que existe, da metade do século passado para cá, uma nítida divisão que colocou em campos opostos o teatro dramático e o teatro épico, o drama rigoroso contra o texto quase absolutamente livre, Aristóteles
more » ... ntra Brecht. E volta a apresentar as razões pela qual se pode afirmar que existem certos momentos no futebol que o aproximam ainda mais do espetáculo teatral, da dança, da comédia e do drama. Palavras-chave: futebol, teatro, poesia, drama, ficção. Abstract: What would be necessary so that one can say that a soccer game resembles, in some way, a theatrical, poetic, emotional spectacle? The article proposes a free ride through the history of different types of theater and the changes that occurred along the years. The author reminds that there is, since the half of last century, a clear division that put the dramatic theater and epic theater into opposite fields, the rigorous drama against the almost completely free text, Aristotle against Brecht. She introduces again reasons why it can be stated that there are certain moments in soccer that approach it even more to the theatrical spectacle, dance, comedy and drama. Como é certo que de tudo se pode fazer poesia, e como a poesia pode ser lírica, épica ou dramática, fica implícito que de futebol se pode fazer poesia, cinema, teatro. De boa qualidade, mediano, ou sucesso de bilheteria. Mas sempre mostrando a nós, povo brasileiro, imerso nesse jogo fantástico que nos traz alegria ou lágrimas, que é fonte de emoção, de cólera ou felicidade, mas, de qualquer modo, de um movimento de alma, descarga, catarse. Meu primeiro momento de poesia lírica que tinha a ver com futebol aconteceu em 1977, quando, depois de uma espera de mais de vinte anos, o Corinthians, meu clube do coração, conseguiu ganhar, finalmente, um campeonato. Fui para a Avenida Paulista, como toda gente que se prezava; gritei, cantei e comecei a pensar no que seria aquele mundo de povo, em plena ditadura, gritando os slogans a que tinha direito e começando por derrubar as traves do gol, depois os alambrados, depois os portões do Morumbi e, por fim, os
doi:10.11606/issn.2316-9125.v14i3p57-62 fatcat:txxnhmgb75gshjubex6fqdfcz4